Desabafo



 Será que a gente tem feito a coisa certa ou estamos desperdiçando nosso tempo com coisas banais? O ano de 2024 parece ter sido um grande "Boom" de perdas. Foram vários os amigos que ao longo deste ano tiveram suas vidas interrompidas e isso me faz refletir sobre a fragilidade de ser quem somos. Dedicamos muito do nosso tempo alimentando rivalidade, picuinha, intriga e sentimentos ruins, olhamos para alguém com maldade, falamos coisas que machucam, brigamos sem razão suficiente e fingimos não se importar com o outro, insistimos na indiferença de que não vimos aquela pessoa que estava diante dos nossos olhos.

 A cerca de 4 meses eu soube que alguém que eu queria muito bem havia partido de uma maneira cruel. Criamos em nossa cabeça incontáveis questionamentos para de alguma maneira tentar compreender, entender ou quem sabe aceitar que aquilo aconteceu, mas como é que eu posso aceitar que coisas assim acontece e naturalizar uma violência? Como é que eu poderia achar tudo bem se não foi apenas uma vida destruída, mas sim a de todos que gostavam dele?

 Muitas vezes as pessoas banalizam a dor do outro. Reduzem a depressão como um comportamento e conseguem ter a falta de noção em pedir que a pessoa "pare com o drama". Cadê a nossa humanidade? Não temos empatia e de repente todos viramos um monstro? Acho que deveríamos repensar nessa evolução para o pior porque ver as pessoas morrerem como se fossem descartáveis é assustador. Me lembro de um outro carinha ter aparecido no meu aniversário de penetra e de como eu soube criar uma empatia ao ponto de convidá-lo para o meu próximo aniversário. Infelizmente, não foi suficiente.

 A verdade é que a gente segue em frente, como se o tempo fosse eterno, mas o amanhã não existe. Amanhã tudo pode ser diferente. É tudo finito e aquela menina me chamou para dançar uma última vez. Se eu soubesse do futuro, teria me esforçado mais naquela sexta-feira, teria aproveitado ainda mais aquele sorriso dela. Aprendi que devemos priorizar os bons momentos, então eu não poderia te ver deitada, eu prefiro lembrar dos bons momentos que tivemos.

Como se as coisas já não estivessem ruins o suficiente, eu não sabia que o cara mais incrível, de energia boa e que era uma luz no meu final de semana também iria partir pouco antes do final de semana. De momento, não parecia real, horas antes você estava ali e agora eu já não sabia mais. Estávamos marcando um rolê, mas demoramos muito. O que me conforta é que você sabia todas as coisas boas que já falei pelas suas costas.

 Ter que aprender a viver sem alguém que jamais imaginamos sem é horrível, e como eu comentei a dias atrás, eu não posso achar que a pessoa está em um lugar melhor. Que lugar melhor é esse onde um filho não está nos braços de seus pais, e ao lado de seus amigos? É cansativo tentar parecer que está tudo bem, ainda que a gente siga em frente, o que eu queria mesmo é poder voltar no tempo pra aproveitar ainda mais essas pessoas que eu pude chamar de AMIGO.

Aos que ainda estamos aqui, será que não dá pra dar uma melhorada como pessoa? É tão difícil deixar as aparências de lado e todas as coisas ruins que criamos em nossa cabeça? Será que a gente não pode tentar deixar alguém feliz pelo menos uma vez? Será que podemos parar de esperar atitude do outro e tomarmos uma? Saudades de alguém que me deu uma flor depois do serviço, saudades da senhorinha que me deu um livro, daquela menina que me deu uma caneca.

Tem tanta coisa simples que pode melhorar o dia de outra pessoa.

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