Em algumas rodas de conversa, isso pode ser um tabu, mas precisamos falar sobre os criadores de conteúdo adulto. Enquanto algumas pessoas insistem na falsa ideia de que masturbação faz mal, o que é uma mentira grotesca e ridícula e papo de coach que não tem o que inventar, existe uma massa em crescimento que lucra e muito com o conteúdo adulto. Por mais que existam grandes produtoras, o que realmente está em expansão é o criador de conteúdo independente, que administra sua própria imagem, negocia com seu público e transforma sua criatividade em um verdadeiro negócio.
Alguém que vende conteúdo adulto não está, necessariamente, na intenção de se expor de forma vulgarizada. Ele também não está disposto a atender os desejos de qualquer um e pode ser que ele nem mesmo queira interagir diretamente com seus consumidores. Essa atividade é lícita e, para muitos, representa uma oportunidade real de mudar de vida. Seja como fonte principal de renda ou como complemento financeiro, a produção de conteúdo adulto tem proporcionado conquistas significativas para muitos criadores, permitindo desde a estabilidade financeira até a realização de sonhos, como viagens, educação e aquisição de imóveis.
Precisamos naturalizar a ideia de que o criador de conteúdo adulto é um empreendedor. Ele gerencia sua própria marca, define estratégias de marketing e se dedica ao aprimoramento de suas produções para oferecer um material de qualidade ao seu público. Assim como qualquer outro negócio, há desafios e riscos, mas também há muito trabalho envolvido. Cabe ao consumidor decidir se deseja consumir ou não, e, caso opte por não consumir, a melhor atitude é respeitar quem faz desse mercado sua profissão. É lamentável que, em pleno século XXI, ainda seja necessário ensinar adultos sobre respeito e liberdade de escolha.
O problema não está em quem vende, mas na sociedade que insiste em marginalizar algo que sempre existiu. O preconceito e a hipocrisia tornam o debate desonesto e carregado de julgamentos morais seletivos. Curiosamente, o consumo de conteúdo adulto é amplamente difundido, mas aqueles que trabalham na produção são alvos de críticas e discriminação. Ao invés de apontar o dedo para quem faz desse mercado sua fonte de renda, o mais produtivo seria questionar por que ainda vivemos em um mundo onde mulheres são julgadas de forma desproporcional em relação aos homens e por que a sociedade tem tanta dificuldade em lidar com a autonomia sobre o próprio corpo.
Cabe às pessoas evoluírem e se tornarem mais empáticas. Se uma pessoa não causa dano a ninguém, não está enganando ou prejudicando terceiros, qual é o real problema? O julgamento alheio apenas reflete uma necessidade de controle sobre a vida do outro, quando a energia gasta para criticar poderia ser usada para se tornar um ser humano melhor. Ao final, a questão não é sobre quem vende, mas sobre quem ainda não aprendeu a respeitar as escolhas individuais. O mundo está mudando e, gostemos ou não, o sucesso dos criadores de conteúdo adulto é uma prova de que liberdade e mercado caminham lado a lado.