A morte e as perguntas que nunca cansamos de fazer



 A morte é um daqueles assuntos que todo mundo evita falar, mas que, quando acontece, se torna o centro das atenções. Parece ironia, mas é assim: enquanto estamos vivos, fugimos desse tema; quando perdemos alguém, ele se torna inevitável. E, diante da partida de uma pessoa, sempre surgem as mesmas perguntas e os mesmos clichês.

A primeira coisa que escutamos é: "De que ele morreu?" Como se a resposta pudesse diminuir a dor ou fazer com que a perda fizesse mais sentido. É quase automático, um reflexo da nossa necessidade de entender o que não tem explicação. Mas, no fundo, saber se foi um acidente, uma doença ou qualquer outra coisa não muda o fato principal: a pessoa foi embora. E, por mais que tentemos, nenhuma resposta nos traz de volta quem se foi.

Depois disso, vêm as frases prontas. "Era uma boa pessoa", "Vai fazer falta", "Que Deus o tenha". Essas palavras aparecem em velórios, redes sociais, conversas de bar. Mas será que quem fala realmente sente isso? Ou é apenas um protocolo social, algo que dizemos porque aprendemos que é assim que se deve agir?

Talvez a pergunta mais incômoda que a morte traz seja: e se fosse eu?

Quantas mensagens deixariam para mim? Quantas pessoas sentiriam minha falta de verdade? Minha ausência mudaria algo no mundo, ou tudo seguiria normalmente, como se eu nunca tivesse existido?

No fundo, nós sabemos a resposta: a vida segue. Mesmo quando achamos que não vamos suportar a dor, os dias continuam passando. O mundo não para para sentir nossa falta. E isso é assustador.

Quantas vezes já ouvimos falar de alguém que morreu e, poucos dias depois, ninguém mais comentava sobre isso? Exceto por aqueles que realmente amavam a pessoa, a maioria simplesmente segue em frente. O que é normal, mas também doloroso. A gente quer acreditar que somos importantes o suficiente para deixar uma marca eterna, mas a verdade é que, para a maioria, seremos apenas uma lembrança passageira.

Mas algumas pessoas não morrem de verdade. Elas continuam vivas enquanto forem lembradas. Não nos grandes discursos ou nas homenagens solenes, mas nos pequenos detalhes: no cheiro de um perfume que um dia usaram, na música que tocava no carro, na expressão que só elas falavam e que, de repente, escutamos em outro lugar. Essas memórias são como pequenas presenças invisíveis, que nos acompanham mesmo quando achamos que já seguimos em frente.

A verdade é que nunca estamos prontos para perder alguém. Não importa a idade, a circunstância, o tempo que tivemos para nos despedir. A falta sempre vai existir. O vazio não se preenche, ele apenas se torna parte de nós. Mas o que fazemos com essa dor?

Alguns evitam falar sobre quem se foi, como se ignorar a perda tornasse tudo mais fácil. Outros preferem lembrar e compartilhar histórias, reviver momentos como forma de manter a pessoa viva dentro de si. Cada um lida com a morte do seu jeito. Mas, no final, todos chegamos à mesma conclusão: a vida continua.

Dói, machuca, falta. Mas seguimos. Seguimos porque é o que nos resta. Seguimos porque, no fundo, é isso que aqueles que partiram gostariam que fizéssemos. Seguimos porque viver também é aprender a conviver com as ausências. E, de alguma forma, encontramos forças para sorrir, amar e continuar.

Porque viver é carregar um pouco de quem se foi e, mesmo assim, seguir andando.