Muita gente acredita que não tem tempo suficiente para fazer tudo o que gostaria. E essa sensação tem se tornado cada vez mais comum. As horas parecem voar, os dias passam rápido e, quando nos damos conta, já é noite e restam poucas energias. Mas a verdade é que, com um pouco de organização e consciência, é possível encaixar uma variedade de atividades na rotina diária, sem abrir mão do descanso, do prazer ou do aprendizado.
Durante um período da minha vida, trabalhei das 14h às 22h. Em vez de enxergar esse horário como um obstáculo, eu decidi usá-lo como uma oportunidade. Acordava por volta das 7h da manhã e aproveitava as horas antes do expediente de forma produtiva e equilibrada. Estudava inglês, assistia a séries e filmes, fazia exercícios físicos, saía para caminhar, passeava e, ainda, encontrava tempo para escrever no site. Não era uma rotina perfeita, mas era uma rotina consciente, planejada para que eu me sentisse bem e tivesse a sensação de que meu dia tinha valido a pena.
Esse tipo de organização mostra que o trabalho não precisa ser o centro de tudo. Viver apenas para o trabalho é um dos caminhos mais rápidos para o esgotamento emocional e físico. É justamente esse estilo de vida que mais desgasta o ser humano. Quando acordamos, trabalhamos e dormimos em uma sequência automática, sem pausas para prazer, lazer ou crescimento pessoal, estamos apenas sobrevivendo — e não vivendo. É preciso romper com essa lógica e entender que o nosso tempo vale mais do que um turno de trabalho.
É claro que qualquer horário de trabalho tem suas dificuldades. Trabalhar muito cedo, à tarde ou até de madrugada interfere em aspectos diferentes da vida, desde o convívio social até o descanso. Mas, dentro das possibilidades de cada um, é possível ajustar a rotina. Não se trata de romantizar a correria, mas sim de encontrar brechas e preenchê-las com aquilo que nos nutre. Pode ser um hobby, um estudo, um tempo com a família ou simplesmente um momento de silêncio. O importante é entender que o tempo é nosso recurso mais valioso (e desperdiçá-lo com uma rotina mal distribuída é abrir mão de uma vida mais rica).
Organizar o tempo não é seguir uma cartilha rígida ou controlar cada minuto do dia. É saber fazer escolhas. É entender que, mesmo com todas as responsabilidades, é possível resgatar parte do nosso dia e usá-lo a favor da nossa saúde mental e do nosso crescimento. E, quando isso acontece, a vida começa a se equilibrar de forma mais natural.
A mudança começa com pequenas decisões. Dormir um pouco mais cedo para acordar melhor. Evitar o uso excessivo do celular ao acordar. Escolher uma atividade que nos traga prazer antes ou depois do trabalho. Valorizar o tempo livre, por menor que seja. Aos poucos, essa organização deixa de ser esforço e passa a ser parte da rotina. E, então, a gente percebe que sim: é possível fazer várias coisas no mesmo dia — basta organizar o tempo com intenção e propósito.