Welcome to Curitiba

Mercês/Curitiba

É mágico querer viver.

Descobrir – e eu descobri – que a vida é feita de instantes bons. E saber – e eu sei – que me permiti senti-los todos, sem pressa, sem reservas. Foi uma viagem intensa, talvez digna de uma canção que só Milton Nascimento poderia compor. Será que sou capaz de traduzir em palavras tudo o que vivi? Será que consegui, nos gestos, demonstrar o quanto fui feliz, onde, como, com quem?

Desde a pandemia, quando o medo tomou conta de mim, deixei Curitiba para trás. Fugi. De um vírus, de um futuro sombrio que o presidente da época parecia desenhar para nós. Talvez soe exagerado para alguns. Talvez outros simplesmente não compreendam. E tudo bem. Foi uma viagem necessária. Aliás, tudo pode ser importante – depende apenas da forma como olhamos para cada momento. Hoje, minha atenção está inteira no agora.

As estrelas um dia se apagam, mas enquanto brilham, são espetaculares.
Viver um bom momento não é fingir que ele será o último, mas vivê-lo tão intensamente que no dia seguinte ele já deixa saudade. Fiz muitas memórias. Vivi loucuras das quais jamais me arrependerei, porque a vida serve para realizar vontades. Quem me conhece sabe: eu sou um apreciador. Não sigo o esperado, o conveniente, o que me é imposto. Se dizem que não pode, eu tento assim mesmo.

Minha regra de vida é simples: sigo o que me faz feliz, desde que não machuque ninguém. Se alguém se incomoda com isso, é um problema dela. Reprimir nossos desejos nos transforma em gente amarga, frustrada, infeliz.


Carta aberta a quem cruzou meu caminho

Talvez pareça simples demais trabalhar no atendimento de um museu famoso como o MON. Mas naquela quarta-feira, sua gentileza me marcou. Você se tornou memorável – e, sem nem saber, me deu vontade de te levar para alimentar os patinhos na lagoa aqui do interior.

Sinto vergonha por ter passado dias no delivery amarelo, mas fiz amizades incríveis. Conheci, enfim, o DJ mais carismático do meu Instagram, que me colocou na lista VIP e garantiu uma noite memorável. Alguém me desejou tanto que mordeu minha boca – eu te perdoo, mas não, não vamos casar nem ter filhos. Custava dar um beijo normal?

Uma coreana me conquistou pelo estômago. Seu restaurante no centro de Curitiba é um lugar que carrego no coração. E o passado me visitou: alguém que sobreviveu à pandemia passou horas comigo conversando. Não conheci o amor da sua vida, mas sei que, um dia, fui eu.

Teve também o episódio no Shopping Mueller, quando um funcionário da C&A disse que não havia o que eu encontrei minutos depois. Fofura, seu dia estava ruim, mas eu não era o culpado. Eu só queria ser visto, ter um mínimo de atenção. É pedir demais?

Não gosto de superficialidades. E então, encontrei alguém incrível – mesmo cheio de compromissos, ainda arrumou tempo para me apresentar até seus problemas. Tivemos noites intensas, reflexões na Mesquita, sonhos com amores impossíveis. Será que daríamos certo?

É mágico querer viver. Mas melhor ainda seria viver perto de você.


Um pedido de desculpas

Sei que não costumo escrever assim. Meus textos seguem outras formas. Sempre preferi dizer muito nas entrelinhas. Mas hoje, deixo isso aqui como pedido de desculpas. Por não ser básico. Talvez minha aparência confunda, ou meu jeito te desoriente. Mas é nesse ponto que podemos conversar.

Não vou mudar. Mas tento, todos os dias, ser alguém melhor.

Quase não odeio ninguém. Posso perdoar um beijo ruim, mas não tenho paciência para burrice. Quero que você seja obcecado – não por mim, mas por si mesmo. Quero poder te elogiar e que você concorde comigo. Amo Curitiba. Amo você. Mas amo mais ainda quem eu sou.

Pido perdón por tratar bien a las personas, incluso cuando no siempre lo merecen. Porque la amabilidad, para mí, no es moneda de cambio. Disculpa si alguna vez parecí ingenuo por confiar, por escuchar o por ofrecer palabras amables en medio del caos.

Logo, partirei com minha carroça, minha capivara de estimação e minha mochila do Dragon Ball.
Se quiser esperar algo de mim, espere grande. Espere o mundo.