Antônio, o hipopótamo gente boa

 Num dia quente e ensolarado, Antônio, um hipopótamo grandalhão com pele cinza e um sorriso tranquilo, estava deitado na margem do rio. Ele adorava aquele cantinho: a água fresquinha lambia suas patas, o sol aquecia seu corpo, e uma brisa suave balançava as folhas das árvores. Era o lugar perfeito para relaxar.

— Nada melhor que isso! — murmurou Antônio, fechando os olhos e bocejando.
Enquanto ele cochilava, um grupo de pássaros coloridos voava por perto, procurando um lugar para descansar. Eram passarinhos pequenos, com penas vermelhas, azuis e amarelas, que tinham voado o dia todo atrás de sementes. Agora, estavam exaustos e sentiam o calor do sol queimando suas asas.
— Precisamos de sombra! — piou um pássaro vermelho chamado Rubi, olhando ao redor. — Mas as árvores estão muito altas, e não temos força para subir.
— Olhem ali! — disse um pássaro azul chamado Céu, apontando com o bico. — Aquele hipopótamo está na sombra. Será que ele nos deixa ficar perto dele?
Os pássaros voaram até Antônio e pousaram na grama ao seu lado.
— Com licença, senhor hipopótamo! — chamou Rubi, batendo as asinhas. — Podemos ficar na sua sombra? Estamos muito cansados.
Antônio abriu um olho, surpreso. Ele olhou para os pássaros, que pareciam tão pequenos e frágeis, e depois para seu lugar favorito. Por um instante, pensou em dizer “não” — afinal, aquele era seu cantinho. Mas então viu os olhinhos suplicantes dos pássaros e sentiu o coração amolecer.
— Claro, fiquem à vontade! — respondeu, levantando-se com um grunhido. — Na verdade, vou me mexer um pouco para vocês terem mais espaço.
Ele deu alguns passos para o lado, deixando a sombra ampla de seu corpo cobrir os pássaros. Eles pularam de alegria, piando agradecimentos enquanto se ajeitavam na grama fresquinha. Antônio ficou olhando, e algo curioso aconteceu: ele começou a sorrir. Ver os pássaros felizes o fez sentir um calorzinho no peito, bem diferente do sol quente.
— Ei, senhor hipopótamo, quer umas sementes? — perguntou Céu, oferecendo um punhado que tinham guardado.
— Pode me chamar de Antônio! E sim, aceito, obrigado — disse ele, pegando as sementes com cuidado para não os assustar.
Enquanto mastigava, Antônio conversou com os pássaros. Eles contaram histórias de suas viagens, e ele riu das aventuras atrapalhadas deles. O dia passou voando, e, quando o sol começou a se pôr, os pássaros se despediram.
— Obrigado, Antônio! Você salvou nosso dia! — disse Rubi, voando em círculos ao redor dele.
— Voltem quando quiserem! — respondeu Antônio, acenando com a pata.
Quando ficou sozinho de novo, ele se deitou no mesmo lugar, mas algo tinha mudado. O cantinho parecia ainda mais especial agora, não só pelo sol ou pela brisa, mas porque ele tinha compartilhado com alguém. Antônio fechou os olhos e pensou:
— Dividir é bem melhor do que eu imaginava.
E, com um sorriso satisfeito, ele adormeceu, sonhando com novos amigos que poderia ajudar.