Adriane Kelemen Galisteu nasceu em 18 de abril de 1973, na cidade de São Paulo, em uma família de classe média que logo enfrentaria tempos difíceis. Filha de Alberto Galisteu e Emma Kelemen Galisteu, Adriane cresceu em um ambiente marcado por contrastes: a origem humilde, as dificuldades financeiras e a forte herança cultural de seus ascendentes húngaros. Desde cedo, a realidade impôs a ela uma maturidade que ultrapassava os limites da infância.
A figura do pai teve papel central em seus primeiros anos de vida. Alberto, que trabalhava com transporte e era conhecido pela personalidade forte, enfrentou problemas de saúde graves e, infelizmente, faleceu quando Adriane tinha apenas sete anos de idade. A perda precoce do pai não apenas deixou marcas emocionais profundas, mas também modificou por completo a estrutura da família. Sua mãe, Emma, tornou-se o único pilar de sustento, e a pequena Adriane, desde cedo, assumiu uma postura de parceria e colaboração dentro de casa.
Aos 9 anos, já compreendia o valor do trabalho. Começou a procurar maneiras de contribuir com a renda familiar. Vendeu cosméticos, trabalhou como atendente e até mesmo fez figurações em comerciais e programas de televisão. Seu rosto, mesmo ainda desconhecido, já trazia a marca de uma personalidade determinada e uma beleza que logo chamaria a atenção.
A adolescência foi marcada por batalhas silenciosas e persistência. Sem recursos para investir em cursos ou formação artística formal, Adriane buscava portas que pudesse abrir com coragem e esforço. Foi na carreira de modelo que encontrou a primeira oportunidade real de transformação. Aos 15 anos, iniciou trabalhos em pequenos desfiles e catálogos, e, pouco a pouco, seu nome começou a circular nos bastidores do mundo da moda.
Nessa época, enfrentou um dos aspectos mais cruéis da profissão: a exigência por padrões físicos irreais. Sofreu pressões, críticas e precisou lidar com inseguranças. Ainda assim, perseverou. Sabia que, para seguir adiante, precisava ser mais do que apenas bonita – precisava ser forte, resiliente e disciplinada.
Paralelamente à carreira de modelo, buscava espaço na televisão. Chegou a participar de programas como "Clube da Criança", ainda nos anos 80, e fez pequenas participações como assistente de palco. Em meio a uma televisão dominada por poucas figuras femininas e sob um olhar masculino dominante, Adriane encontrou nas brechas um caminho para se firmar. Sempre foi uma mulher que entendia o próprio valor e, mesmo jovem, tinha consciência de que sua trajetória exigiria mais do que talento: exigiria resistência.
A convivência com a mãe, Emma, foi e continua sendo uma base sólida em sua vida. Uma mulher de princípios, silenciosa em sua força, que acompanhou cada passo da filha com fé e cuidado. Adriane já declarou em entrevistas que deve à mãe muito do que conquistou, não apenas pelo suporte emocional, mas pela educação baseada em responsabilidade, ética e dignidade.
O primeiro capítulo da vida de Adriane Galisteu é marcado por uma ascensão que não veio de um salto repentino, mas de uma escalada persistente. Com perdas dolorosas, obstáculos sociais e poucas oportunidades, ela se destacou pela capacidade de transformar cada desafio em impulso. Ao longo desses primeiros anos, moldou-se como uma mulher múltipla, pronta para encarar um mundo competitivo, exigente e, muitas vezes, injusto.
Sem ainda imaginar o alcance que teria no cenário brasileiro, Adriane já carregava dentro de si as sementes de uma trajetória que viria a se desdobrar de maneira pública e, por vezes, polêmica. A jovem que começou vendendo produtos de porta em porta estava prestes a enfrentar os grandes holofotes da mídia – e a história, de fato, ainda estava só começando.