Rodrigo acordou assustado com o som das sirenes ecoando pela rua. O quarto ainda estava escuro, mas pela janela ele viu uma fumaça densa subindo no céu, iluminada pelas luzes piscantes de viaturas. O coração acelerou.
— Mãe! — chamou, correndo até a cozinha — O que está acontecendo?
— Acho que é no canil municipal, Rod! — respondeu ela, olhando pela janela com expressão tensa. — Não se aproxime de lá, deve estar perigoso.
Mas Rodrigo não conseguiu ficar parado. Calçou o tênis rapidamente, pegou o celular e saiu correndo pelas ruas do bairro. A cada esquina, o cheiro de queimado ficava mais forte. Quando chegou, o caos se revelou diante dele: cães latindo desesperados, gatos miando alto, fumaça saindo pelas janelas do prédio antigo. Bombeiros tentavam conter as chamas, enquanto alguns voluntários carregavam gaiolas para longe do fogo.
— Ei, garoto, afaste-se! — gritou um bombeiro ao vê-lo se aproximar.
— Eu posso ajudar! — respondeu Rodrigo, sem hesitar. — Onde estão precisando?
Uma mulher com um colete de voluntária se aproximou, tossindo pela fumaça.
— Segure essa gaiola e leve até aquela área cercada. E cuidado, eles estão assustados!
Rodrigo correu com a gaiola nas mãos, sentindo o animal tremer lá dentro. Voltou e começou a abrir fechaduras enferrujadas, libertando cães que eram rapidamente levados para um ponto seguro. O som dos latidos misturado ao estalar da madeira que queimava formava um cenário de urgência.
Naquele momento, Rodrigo não pensava em perigo ou no que sua mãe diria. Ele sabia que, de alguma forma, precisava tirar o máximo de animais dali antes que fosse tarde demais.
