Capítulo 1: O Contexto Histórico e a Promessa do Messias

 No início do primeiro século, a Judeia estava sob domínio romano. O Império Romano, então sob o governo do imperador César Augusto, controlava grande parte do mundo conhecido, incluindo a região da Palestina. Os judeus viviam sob essa ocupação estrangeira, o que gerava tensões e frustrações, já que esperavam a vinda de um libertador que os livrasse do domínio romano.

A população judaica, que era monoteísta e aguardava a realização das promessas de Deus, tinha uma profunda esperança no Messias. Segundo as profecias do Antigo Testamento, esse Messias seria um rei da linhagem de Davi, enviado para restaurar o Reino de Israel e trazer salvação ao povo escolhido de Deus.

Isaías, no capítulo 9, fala sobre a vinda de um príncipe da paz, alguém que traria justiça e paz eterna. "Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; e o governo estará sobre os seus ombros. E o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar com justiça e com equidade, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso" (Isaías 9:6-7).

Em Miqueias, a profecia fala sobre a cidade de Belém, de onde o Messias surgiria: "Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que há de ser o governador em Israel; e as suas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Miqueias 5:2).

Essas profecias ofereciam uma visão de um Messias que restauraria Israel à sua glória passada e traria uma nova era de justiça e paz.

Além das tensões políticas com Roma, havia divisões dentro da sociedade judaica sobre a maneira de esperar e reconhecer o Messias. Os fariseus, saduceus, essênios e outros grupos tinham suas próprias interpretações sobre como o Messias se manifestaria. Alguns acreditavam que ele seria um líder político e militar, enquanto outros esperavam um libertador espiritual.

Herodes, o Grande, era o rei da Judeia, nomeado pelos romanos. Seu governo foi marcado por grandes construções, mas também por um reinado de opressão, incluindo o assassinato de membros de sua própria família para garantir o poder. Sua tirania é vista como um reflexo da dominação romana. Quando soube do nascimento de um "rei dos judeus", ele reagiu com temor, ordenando o massacre de crianças em Belém, temendo que o Messias ameaçasse seu reinado.

Os sacerdotes e os líderes religiosos em Jerusalém desempenhavam um papel central na sociedade judaica. Eles administravam o templo e eram os guardiões da Lei. Contudo, muitos estavam acomodados com o domínio romano e não viam a necessidade de um Messias libertador, acreditando que a salvação viria por meio da observância da Lei e das tradições. Essa falta de percepção do verdadeiro Messias se tornou um ponto de conflito entre Jesus e as autoridades religiosas.

Foi nesse contexto que a promessa do Messias começou a se cumprir. O anjo Gabriel apareceu a Maria, uma jovem mulher de Nazaré, e anunciou que ela conceberia o Filho de Deus, o Salvador prometido, por meio do Espírito Santo. Ela, uma descendente de Davi, receberia a missão divina de dar à luz aquele que governaria o povo de Israel para sempre. Maria aceitou com humildade o plano divino, se tornando a mãe daquele que traria a salvação ao mundo.

"Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor através do profeta: 'A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e eles o chamarão Emanuel', que significa 'Deus conosco'" (Mateus 1:22-23).

E o anjo disse a Maria: "E, eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus. Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. E reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim" (Lucas 1:31-33).

Com isso, as antigas promessas messiânicas estavam prestes a se cumprir, e o Salvador, aguardado por gerações, estava prestes a nascer.