Meu pedido de ajuda sempre foi mandar mensagem convidando pra sair e ninguém nunca tinha tempo.
Era simples. Eu não escrevia textões, não abria meu coração em frases longas, não pedia diretamente que alguém me salvasse. Eu só queria companhia. Mandava mensagens como “vamos tomar um café?”, “topa dar uma volta hoje?”, e a resposta quase sempre vinha com a mesma desculpa: “não vai dar, tô corrido”. Eu fingia que entendia, dizia “tranquilo”, mas por dentro aquilo doía.
Higor era o que mais me machucava. Ele era quem eu mais chamava, porque eu confiava nele. Mas ele nunca tinha tempo. Sempre estava ocupado, cansado, sobrecarregado. Até que eu abria as redes sociais e via as fotos: Higor sorrindo com outros amigos, jantando em lugares que eu nunca conheci, postando vídeos cheios de risadas. Não era falta de tempo. Era falta de vontade comigo.
Cada vez que eu recebia um “fica pra próxima”, sentia como se tivesse implorado por algo que ninguém queria me dar. Eu só queria dividir um pedaço da rotina, ouvir e ser ouvido, me sentir parte de algo. Mas não. Eu ficava em casa, com o celular na mão, olhando a tela acesa como se ela fosse responder alguma coisa que nunca vinha.
O que ninguém nunca percebeu é que, por trás de cada convite recusado, estava um pedaço de mim tentando não afundar. Eu não queria bares cheios, nem festas caras, nem viagens improváveis. Eu queria uma esquina qualquer, uma conversa sem pressa, uma noite de riso simples. Queria não me sentir sozinho. Mas meu convite era sempre recebido como se fosse nada.
E aos poucos, eu comecei a acreditar que era eu o nada.