O sol brilhava alto quando Bielzinho chegou ao parque com seu skate. Ele adorava deslizar pelas calçadas lisas, fazendo curvas suaves e sentindo o vento bater no rosto. Naquele dia, algo novo chamou sua atenção. Perto das árvores, havia uma rampa recém-instalada. Ela parecia alta e inclinada, diferente de tudo que ele já tinha enfrentado.
Bielzinho se aproximou com o skate nas mãos. Observou a madeira firme, o corrimão brilhante e a descida que parecia levar direto para uma aventura. Seu coração bateu mais rápido. Deu um passo para trás. Nunca tinha descido algo assim antes.
Sentou-se no banco mais próximo e ficou olhando enquanto outras crianças subiam na rampa. Todas usavam capacetes coloridos, cotoveleiras e joelheiras. Algumas caíam, levantavam e tentavam de novo. Outras desciam com confiança, mas sempre protegidas.
Bielzinho olhou para seu próprio skate. Não usava proteção naquele dia. Sentiu um aperto no peito. Queria tentar, mas o medo ainda era maior. Voltou para casa com o skate debaixo do braço e a imagem da rampa na cabeça.
No dia seguinte, retornou ao parque, agora com capacete, joelheira e cotoveleira. Sentiu-se mais seguro só por estar equipado. Subiu na rampa devagar, olhou para a descida e decidiu apenas sentar ali por um tempo. Observou os movimentos dos outros, aprendeu com os erros e acertos deles.
Nos dias seguintes, voltou outras vezes. Começou a descer rampas menores ao lado, depois testou o equilíbrio na parte de cima da grande. Cada passo era pequeno, mas cheio de conquista. Quando finalmente desceu a rampa pela primeira vez, sentiu um frio na barriga, mas também uma alegria enorme.
Bielzinho descobriu que o medo não era um inimigo, mas um aviso. E que ser corajoso não é agir sem pensar, mas aprender, se proteger e tentar de novo. A rampa do parque deixou de ser assustadora e passou a ser o lugar onde ele aprendeu o valor da persistência com segurança.
