Capítulo 1 – Uma nova pessoa

 A festa estava lotada. As luzes piscavam em tons de azul e vermelho, e o som da música eletrônica fazia o chão vibrar. Gabriel demorou alguns minutos para se acostumar à agitação, mas logo avistou Raíssa perto da pista de dança. Ela sorriu quando o viu e foi até ele.

— Pensei que você não vinha — disse ela, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Eu quase não vim mesmo..., mas aí lembrei que você estaria aqui — respondeu Gabriel, puxando-a pela cintura.

Eles se beijaram no meio da multidão, como se fossem os únicos ali. Entre um gole e outro da bebida, passaram grande parte da noite juntos. Raíssa parecia radiante, como se aquela aproximação fosse o início de algo novo.

Mais tarde, já perto do bar, ela chamou sua amiga Camila para conversar em voz baixa.
— Eu gosto do Gabriel, Cami. De verdade. Acho que tá na hora de levar isso mais a sério.
Camila arqueou a sobrancelha, surpresa.
— Sério mesmo? Achei que vocês fossem só aquela coisa de festa.
— Não... não quero que seja só isso. Quero que ele veja que eu tô disposta.

Enquanto Raíssa conversava, Gabriel se distanciou um pouco. Foi quando alguns colegas do bairro o chamaram e o apresentaram a um garoto de camiseta preta e sorriso fácil.
— Esse aqui é o João Pedro. Gente boa demais, vocês vão se dar bem.
— E aí, prazer — disse Gabriel, estendendo a mão.
João Pedro apertou a mão dele e riu.
— Você é diferente, cara. Gostei da sua vibe. Tem gente aqui que só sabe falar de si, mas você parece tranquilo.

Gabriel se surpreendeu com a sinceridade e sentiu a conversa fluir sem esforço. Eles começaram a trocar histórias sobre escola, músicas e até filmes que gostavam. A cada resposta, Gabriel se pegava rindo de forma genuína, coisa que não acontecia há um bom tempo.

— A gente podia marcar de sair um dia, sei lá, jogar alguma coisa, bater um papo mais de boa — sugeriu João Pedro.
— Pode ser — respondeu Gabriel, animado. — Acho que a gente vai se dar bem.

Do lado de fora da festa, em uma quadra próxima, outro grupo de jovens fazia a própria diversão. Renan e Kaio corriam atrás da bola, descalços, como se nada no mundo pudesse atrapalhar aquela amizade.

— Se prepara, Renan, essa vai ser golaço! — gritou Kaio, chutando com força.
— Você sonha demais, cara! — respondeu Renan, defendendo a bola com uma gargalhada.

Eles se jogaram na grama rindo, um tentando empurrar o outro. Um pequeno grupo assistia e ria junto, mas era evidente que a conexão mais forte estava entre os dois. Renan e Kaio eram inseparáveis, do tipo que não precisava de palavras para se entender.

Enquanto a noite avançava, em pontos diferentes da cidade, dois caminhos se formavam: Gabriel descobria em João Pedro uma amizade inesperada, que começava a mexer com sua cabeça, e Renan reforçava com Kaio um laço que, em breve, seria colocado à prova.