Capítulo 3 | Coisas estranhas

  Tenho medo de coisas que não conheço, de situações que não fazem parte da minha realidade. Existem canais de televisão onde o departamento de jornalismo me parece um trailer de filme de terror, é desgraça atrás de desgraça, histórias que eu não quero vivenciar em nenhum momento da minha vida. Um desses filmes de terror é o fato de que a empresa onde eu trabalhei ficava próxima de um banco e com aquelas histórias de assaltos aos bancos em que os bandidos fechavam toda a cidade, o fato de que eu poderia estar no trabalho até às 22 horas me deixava com muito medo.

 Ainda que isso não tenha acontecido na minha cidade, e que eu espero não acontecer jamais, coisas estranhas já aconteceram no meu ambiente de trabalho. Certa vez, estava chovendo, e com o movimento um pouco mais fraco, tive tempo de observar pessoas, ver elas atravessando a rua, correndo... O maior dos sustos foi quando, de repente, um senhor que eu estava observando acabou sendo atropelado, minha pressão caiu no mesmo momento. Quem me conhece sabe que eu gosto de filme de terror, mas eu gosto de ficção, na minha frente, não suporto cena alguma.

 Outra cena, um tanto quanto perturbadora, foi quando um homem acabou tendo um ataque na minha frente. Ele chegou ao balcão, perguntando se eu tinha cigarro e expliquei que eu não fumava, logo ele acabou misturando assuntos falando sobre remédio e horários quando, repentinamente acabou caindo de costas para trás. Novamente, acabei travando, não sei reagir em situações como essa, mas o pior não foi isso, foi ligar para o Samu, e ter uma pessoa do outro lado da linha negando atendimento. Por sorte, o homem acabou não se machucando feio e assim como apareceu, acabou indo embora de uma hora para outra.

 A verdade é que não existe coisa pior do que lidar com pessoas ignorantes, gente que não tem educação e nem respeito, quer ser atendido fora do horário ou cobra agilidade em algo que necessita tempo e preparo. Dizem que o cliente sempre tem razão, o que não é verdade, algumas pessoas abusam dessa frase sem entender que a pessoa do outro lado do balcão também é uma pessoa e que trabalha porque precisa, não porque ela não tem nada mais para fazer da vida.

 A verdade é que existe o outro lado da moeda, um lado de pessoas incríveis, de pessoas marcantes e queridas. Que tipo de pessoa você quer ser? Qual lado da moeda você prefere? Acho que todos podemos pensar sobre isso.

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