Capítulo 3 – Corrente do bem

 Na manhã seguinte, Rodrigo chegou à escola ainda com o cheiro de cachorro no moletom. Ao contar para os amigos sobre o que aconteceu, Lucas, seu melhor amigo, abriu um sorriso.

— Cara, isso é incrível. A gente precisa ajudar.

— Eu pensei em fazer cartazes e postar nas redes sociais — respondeu Rodrigo, já tirando um caderno da mochila. — A gente pode pedir ração, remédio, cobertores… tudo que eles precisarem.

No intervalo, Mariana, colega de turma e fã de design, pegou o celular.
— Me manda as fotos dos cães que você tá cuidando. Vou fazer uns cartazes bonitões e imprimir na gráfica do meu tio.

À tarde, Rodrigo e Lucas colaram cartazes em padarias, mercados e farmácias do bairro. No mercado da Dona Celina, eles ganharam um saco de ração e algumas latinhas de comida úmida. Na farmácia, um funcionário separou frascos de shampoo antipulgas e pomadas para ferimentos.

Rodrigo também fez uma publicação no grupo de moradores no Facebook: fotos dos animais, a história do incêndio e um pedido simples de ajuda. A resposta foi imediata: curtidas, comentários, mensagens privadas oferecendo doações e até lares temporários para outros animais resgatados.

No fim da semana, o quintal da casa já estava cheio de sacos de ração, caixas de medicamentos e pilhas de cobertores. Seu Alfredo, dono da loja de materiais de construção, apareceu com algumas tábuas e pregos.
— Pra você fazer uns cercadinhos melhores pra eles, garoto.

Rodrigo olhou em volta, surpreso com a movimentação. Pessoas que ele nunca tinha visto antes agora batiam à sua porta para ajudar. Pela primeira vez, ele percebeu que a tragédia do incêndio havia acendido algo muito maior: uma corrente do bem que ninguém queria parar.