O ambiente na cobertura se tornava mais denso, quase palpável. A música, antes um ritmo, agora era o próprio coração da festa, pulsando e ditando a cadência da noite. Luciano já havia esvaziado a taça azul e aceito mais uma bebida, um shot transparente e ardente que desceu rasgando, mas deixou uma sensação de poder no estômago.
— Quase lá, garoto do interior. Quase lá — disse Sofia, a garota de Capri, inclinando-se sobre o ombro dele, a voz um sussurro rouco e sedutor. — Mas você precisa de algo para decolar de verdade.
Ela o conduziu para um ambiente mais reservado, uma espécie de lounge com sofás de veludo e pouca luz. Ali, a conversa era mais íntima e os gestos, mais explícitos. Luciano viu um pequeno espelho sendo passado discretamente entre alguns convidados. O pó branco sobre o vidro parecia brilhar no escuro.
— É a sua chance de esquecer quem você era — murmurou um rapaz magro, de piercing no nariz.
A hesitação de Luciano durou apenas um instante, uma briga rápida entre sua moralidade antiga e a euforia avassaladora do momento. Ele estava ali para experimentar. Se era para viver a Festa da Minha Vida, que fosse até o fim. Ele cedeu.
O efeito foi imediato e explosivo. O mundo se tornou hiper-real: as cores mais vivas, os sons mais claros, e o toque de Gabriel, que se juntou a ele no sofá, era eletricidade pura.
— Viu só? Eu sabia que você ia se soltar — Gabriel sorriu, passando a mão levemente pelo cabelo de Luciano.
A desinibição de Luciano era total. Ele se sentia leve, bonito e, pela primeira vez, desejado. As conversas que antes eram sobre viagens se tornaram sussurros sobre fetiches e desejos. As barreiras sociais, que eram o muro de Curitiba, haviam sido demolidas pelo álcool e pelo pó.
No sofá, a proximidade se tornou urgência. Gabriel o beijou de repente no canto da boca, um toque rápido e intenso que o deixou paralisado.
— Não tenha medo, Luciano. Ninguém aqui tem rótulos — sussurrou Gabriel, deslizando os dedos pela nuca dele.
Quase imediatamente, Sofia se inclinou sobre os dois. Ela não pediu permissão, apenas se moveu com a confiança de quem está acostumada a ter o que quer. A boca dela encontrou a de Luciano em um beijo profundo, que durou o tempo suficiente para roubar-lhe o ar e a sanidade. Enquanto o beijava, a mão de Sofia desceu de seu pescoço, encontrando-o por baixo do tecido da calça jeans. Ela apertou o pênis dele com uma segurança que fez Luciano gemer, um som que foi absorvido pela música alta.
A cena era um turbilhão. Luciano, sufocado pela emoção, viu a si mesmo sendo um brinquedo na mão daqueles jovens experientes.
Gabriel e Sofia se afastaram dele, rindo, com olhares cúmplices, e se juntaram, começando a se tocar com uma sensualidade mútua, sem hesitação, completamente à vontade com o olhar de todos. Era um mundo sem fronteiras, onde o prazer era a única moeda.
Luciano estava chocado, mas não podia desviar o olhar. A cena era um turbilhão de carne, seda e luxúria. Perto da piscina, ele podia ver outros convidados em interações sensuais e explícitas, consumindo a noite sem pudor. Ele viu as pessoas transarem na sua frente, um espetáculo de liberdade sexual que o fez sentir simultaneamente sujo e livre.
Ele fechou os olhos, sentindo o pulso do seu coração nos ouvidos. O shot ardente e o pó haviam tirado o garoto do interior e deixado apenas um corpo jovem e faminto por novas sensações. Ele se levantou, cambaleando levemente, precisando de ar, de um instante de quietude para processar a avalanche de estimulação.
A visão da piscina infinita brilhando sob a luz da lua o atraiu. Mas o corpo suado, o toque ousado de Sofia ainda latejando em sua mente, e a cabeça em turbilhão pediam algo mais básico e purificador. Ele se afastou da multidão e seguiu o primeiro corredor que encontrou, buscando desesperadamente um banheiro.
Se ele estava prestes a se afogar naquele oceano de excessos, ele precisava de um salva-vidas, mesmo que fosse apenas um momento a sós.
