As ações de Gabriel começaram a chamar atenção no bairro. Seu Samuel comentou com os amigos da praça sobre como Gabriel o ajudara com as compras, e Maria contou a outras mães sobre o jovem que, sem pedir nada em troca, terminara sua faxina enquanto ela cuidava da pequena Ana. Em pouco tempo, Gabriel passou a ser visto como alguém que estava disposto a ajudar, e sua postura inspirava outros a fazerem o mesmo.
Naquela semana, enquanto caminhava com Khauan, Gabriel apontou para um terreno abandonado que havia na rua principal do bairro. Era um lugar cheio de lixo e mato, onde crianças costumavam brincar perigosamente.
— Cara, olha isso. Tá tudo largado. E se a gente fizesse algo útil com esse espaço? — sugeriu Gabriel.
Khauan olhou intrigado.
— Tipo o quê?
— Uma horta comunitária. Todo mundo pode participar, plantar, colher. Ajuda quem precisa e ainda dá uma cara nova pra esse lugar.
Khauan ficou pensativo por alguns segundos, depois sorriu.
— Gostei da ideia. Vamos fazer isso acontecer.
No dia seguinte, Gabriel e Khauan saíram pelo bairro falando com os moradores sobre o projeto. Para a surpresa deles, várias pessoas demonstraram interesse. Samuel ofereceu ferramentas antigas que guardava em casa. Maria disse que poderia ajudar nos fins de semana. Até crianças apareceram animadas para contribuir.
No sábado, o mutirão começou. Gabriel liderou o grupo, orientando sobre como limpar o terreno. Alguns retiravam o lixo, enquanto outros arrancavam o mato alto. Khauan trouxe água e lanches para manter todos motivados. A energia era contagiante.
Durante a limpeza, Josué, o pastor da igreja, apareceu com uma enxada nas mãos.
— Soube do projeto e não podia ficar de fora — disse ele, com um sorriso.
Enquanto trabalhavam, Gabriel percebeu algo especial acontecendo: pessoas que antes mal se cumprimentavam agora conversavam, riam e trabalhavam lado a lado. O bairro, antes desunido, começava a ganhar vida.
Na semana seguinte, com o terreno limpo, começaram a plantar as primeiras sementes. Josué trouxe mudas de alface e tomate. Maria trouxe ervas aromáticas, e Samuel sugeriu plantar mandioca, algo que ele conhecia bem.
— Gabriel, você realmente mudou as coisas por aqui — disse Khauan, enquanto ajudava a preparar o solo.
Gabriel sorriu, enxugando o suor da testa.
— Eu só dei o primeiro passo. Todo mundo tá fazendo isso acontecer.
Com o tempo, a horta comunitária se tornou um ponto de encontro para os moradores. As pessoas trocavam experiências, ajudavam umas às outras e, mais importante, sentiam-se parte de algo maior. Gabriel percebeu que o amor ao próximo não era apenas sobre ações individuais, mas sobre criar laços que fortaleciam toda a comunidade.
Em um culto na igreja, Josué fez questão de mencionar o impacto do projeto:
— É disso que a Bíblia nos fala quando nos chama a amar o próximo. Não são apenas palavras, mas ações que inspiram e transformam. Parabéns, Gabriel, por liderar com amor.
Gabriel sentiu um calor no peito, não de orgulho, mas de gratidão. Ele entendeu que não precisava ser perfeito para fazer a diferença; bastava estar disposto.
A horta, que antes era só um terreno abandonado, agora florescia, assim como o bairro. A bondade, pensava Gabriel, realmente tinha o poder de transformar.