O sol brilhava intensamente sobre Nova York, refletindo-se nas superfícies metálicas das torres gêmeas, que se erguiam majestosas contra o céu azul. A família de Adauto havia chegado a uma área onde poderiam admirar as torres de perto, cercados pelo movimento vibrante da cidade. A excitação de Briana e a curiosidade de August eram palpáveis, mas o que deveria ser um momento de alegria logo se transformaria em um pesadelo.
Enquanto Adauto estacionava o carro, ele ouviu um som distante, como um trovão, que logo se intensificou. Um estrondo repentino irrompeu no céu, fazendo o chão tremer sob seus pés. O riso de Briana foi abruptamente interrompido.
— O que foi isso, papai? — perguntou ela, com os olhos arregalados, a inocência de sua infância desvanecendo rapidamente.
Adauto olhou para cima, sua expressão mudando de alegria para confusão.
— Eu não sei, querida — respondeu ele, tentando manter a calma, mas seu coração disparava. — Fiquem perto de mim.
Um segundo estrondo ecoou, mais próximo, e a visão de uma enorme nuvem de fumaça e fogo explodindo na Torre Norte paralisou todos ao seu redor. O céu azul foi obscurecido por uma nuvem espessa de fumaça negra, enquanto as pessoas começaram a gritar. O pânico tomou conta das ruas, e a atmosfera, que antes estava cheia de vida, agora estava repleta de medo.
— Mãe! — gritou August, agarrando a mão de Barbara. O olhar de preocupação em seu rosto mostrava que ele sentia que algo estava muito errado.
Barbara puxou os filhos para perto, seu instinto materno a levando a protegê-los a qualquer custo.
— Fiquem juntos! — disse ela, a voz tremendo enquanto olhava em volta, tentando avaliar a situação. O desespero começava a se espalhar como fogo. Pessoas corriam em todas as direções, algumas tropeçando e caindo, outras chorando e gritando.
Adauto sentia seu coração apertar. Ele queria entender o que estava acontecendo, mas a cena à sua frente era um turbilhão de caos. Ele olhou para as torres e viu a fumaça subindo, percebendo que a tragédia estava se desenrolando diante de seus olhos. O que antes era um símbolo de esperança agora se tornava um símbolo de desespero.
— Para onde vamos? — perguntou Briana, a voz pequena e assustada.
Adauto se agachou ao nível dela, tentando manter a calma, embora sua própria mente estivesse em frangalhos.
— Precisamos sair daqui — respondeu ele, olhando para Barbara, que estava visivelmente angustiada. — Precisamos encontrar um lugar seguro.
Os gritos e os sons do pânico ecoavam por toda parte. Adauto viu um grupo de pessoas correndo em direção a uma saída, enquanto outros estavam paralisados, aterrorizados, sem saber o que fazer. Ele se levantou, segurando a mão de Briana e pedindo que August se mantivesse perto. A imagem das torres em chamas ficava gravada em sua mente, uma visão que ele sabia que nunca esqueceria.
— Vamos! — Adauto ordenou, puxando a família para longe da área.
Barbara, ainda segurando a mão de August, olhou ao redor, tentando entender a gravidade da situação. Ela sentia o medo crescer dentro dela, mas precisava ser forte para os filhos.
— Fiquem próximos! — gritou ela, enquanto a multidão se movia em pânico. — Não se afastem de mim!
O caos crescia ao redor deles, e Adauto estava determinado a levar sua família para um lugar seguro. Ele olhou novamente para as torres, ainda em choque com a imagem do fogo e da fumaça. O medo o envolvia, mas ele se forçou a pensar em cada passo que estavam dando, concentrando-se no que realmente importava: a segurança de sua família.
— O que está acontecendo? — perguntou August, a voz baixa, enquanto seu olhar se movia entre as torres e a multidão desesperada.
Adauto não sabia o que dizer. Ele sentia-se impotente, incapaz de explicar o inexplicável.
— É só um acidente, filho. Vamos ficar bem — mentiu ele, tentando oferecer algum conforto, mesmo que sua própria mente estivesse cheia de dúvidas.
À medida que avançavam, os gritos e o som da confusão se tornavam cada vez mais intensos. A visão do fogo no céu se tornava um símbolo de uma tragédia iminente. O medo estava se espalhando, mas Adauto se recusava a deixar que isso dominasse seus pensamentos. Ele tinha que manter a calma por sua família.
— Precisamos nos afastar daqui — insistiu ele, puxando os filhos e Barbara, movendo-se contra a corrente de pessoas que corriam em pânico. Ele sabia que cada segundo contava.
O mundo à sua volta parecia desmoronar, mas a determinação de Adauto crescia. Ele se lembrava das palavras que repetia para si mesmo: “Vamos superar isso. Estamos juntos.” E era essa unidade que ele esperava que os mantivesse a salvo, mesmo quando o som do medo se tornava quase ensurdecedor.