Adriane Galisteu é, por definição, uma mulher de múltiplas faces. Sua carreira, construída em meio às transformações da televisão brasileira, é um exemplo raro de reinvenção contínua. Após os momentos turbulentos que marcaram sua vida pessoal nos anos 1990, ela decidiu retomar as rédeas da própria narrativa e reafirmar sua presença na mídia não apenas como uma figura pública, mas como uma profissional disposta a ocupar diversos espaços com autenticidade e coragem.
Seu retorno mais contundente à televisão se deu com o programa “É Show”, exibido pela Record TV entre os anos 2000 e 2004. À frente de um talk show noturno, Galisteu surpreendeu o público e a crítica. Demonstrou versatilidade como apresentadora, entrevistando nomes dos mais diversos segmentos com carisma, timing e espontaneidade. O programa se destacou pelo estilo leve e descontraído, mas também pelo domínio que ela demonstrava do palco e das câmeras. Com “É Show”, Adriane deixou de ser vista apenas como uma celebridade associada à tragédia de seu passado e passou a ser reconhecida por seu talento como comunicadora.
Ao longo dos anos, sua trajetória na televisão seria marcada por mudanças frequentes de emissoras e formatos. Passou por redes como SBT, Band, RedeTV! e, posteriormente, consolidou-se novamente na Record TV. Em cada uma dessas passagens, Galisteu enfrentou o desafio da renovação: adaptar-se aos diferentes estilos editoriais, públicos e exigências comerciais sem abrir mão de sua identidade.
Em 2021, assumiu um dos postos mais cobiçados e observados da televisão brasileira: a apresentação do reality show “A Fazenda”. O convite para comandar o programa representou um marco em sua carreira, especialmente por se tratar de uma atração com audiência nacional e alta visibilidade. Substituir um apresentador anterior sempre traz um peso adicional, mas Adriane lidou com a responsabilidade com firmeza e personalidade. Com sua voz inconfundível, estilo direto e presença marcante, conseguiu imprimir sua própria marca ao programa, ganhando o respeito de colegas de profissão e de uma nova geração de espectadores.
Fora do universo televisivo, Galisteu também se aventurou com sucesso no teatro. Participou de peças como “Um Certo Machado”, “Coisas Que Só uma Mulher Entende” e “Razões para Ser Bonita”. No palco, pôde explorar uma faceta mais intimista de sua atuação, longe dos roteiros pré-definidos da TV. Sua presença no teatro foi elogiada por críticos e valorizada por colegas de cena, que viam em Adriane uma artista determinada e aberta ao aprendizado constante.
Além disso, sua inquietude criativa levou-a ao universo da literatura. Em diferentes momentos, Galisteu utilizou a escrita como ferramenta de expressão pessoal. Publicou obras que abordavam não apenas sua vida, mas reflexões sobre carreira, superação e identidade. Seus livros, embora muitas vezes catalogados como autobiográficos, revelam uma mulher observadora, sensível e comprometida com sua própria evolução.
No campo empresarial, Adriane também soube se posicionar com inteligência. Participou de campanhas publicitárias, lançou linhas de produtos com seu nome e esteve envolvida em iniciativas de moda e beleza. Compreendendo o valor da própria imagem, transformou-a em ativo comercial sem abrir mão da autenticidade. Em um mercado competitivo e muitas vezes superficial, conseguiu manter-se relevante sem aderir a fórmulas prontas.
É importante destacar que, ao longo dessas fases, Galisteu enfrentou críticas recorrentes. Algumas relacionadas ao seu desempenho diante das câmeras; outras, fruto de preconceitos ainda enraizados na sociedade e na imprensa de entretenimento. No entanto, sua resposta sempre veio através do trabalho: novos projetos, novas colaborações, novos públicos. Demonstrou, repetidamente, que não seria moldada por opiniões externas, mas por sua própria capacidade de adaptação e entrega.
A constante exigência por renovação — uma marca da televisão moderna — encontrou em Adriane uma profissional capaz de responder com criatividade, energia e autenticidade. Onde muitos buscaram estabilidade, ela escolheu o desafio. Onde se esperava previsibilidade, ela ofereceu surpresa. Com isso, construiu uma carreira plural, marcada não pela permanência em um único formato, mas pela habilidade de se movimentar entre eles com propriedade.
Ao longo dos anos, Adriane Galisteu consolidou-se como uma artista que se recusa a ser confinada em uma única categoria. É apresentadora, atriz, escritora, empresária e, sobretudo, uma mulher em movimento — que encara cada nova oportunidade como um palco, cada desafio como um teste de sua paixão pela comunicação.