Nem tudo eram flores na caminhada de Gabriel. Apesar do impacto positivo que suas ações tinham causado no bairro, algumas pessoas começaram a criticá-lo. Durante uma ida à padaria, ouviu murmúrios enquanto passava.
— Lá vai o “santinho” do bairro, achando que vai mudar o mundo — comentou Adélio, um comerciante conhecido por seu temperamento difícil.
Outro morador, de braços cruzados na porta de casa, acrescentou:
— Perde tempo com essas coisas. Horta não paga conta.
As palavras cortaram Gabriel como facas, mas ele preferiu não responder. Ele já sabia que fazer o bem nem sempre agradava a todos, mas isso não tornava as críticas menos dolorosas.
A situação ficou ainda mais complicada quando os custos do projeto começaram a pesar. Ele havia investido parte do pouco dinheiro que tinha em ferramentas, mudas e materiais para a horta. Além disso, sua mãe, Abigail, estava preocupada com as contas de casa.
— Gabriel, eu admiro o que você está fazendo, mas precisamos ser realistas. Como você vai continuar com isso se mal temos para nós? — disse ela, enquanto servia o jantar.
Ele abaixou os olhos, mexendo na comida sem apetite.
— Eu sei, mãe. Só… parece errado parar agora.
— Então, peça ajuda a Deus. Ele nunca nos abandona — sugeriu Abigail, colocando a mão sobre o ombro do filho.
Naquela noite, Gabriel ajoelhou-se ao lado da cama e orou como há muito tempo não fazia:
— Senhor, sei que estou tentando fazer algo bom, mas está difícil. As críticas, as dificuldades… às vezes, penso que não vou aguentar. Por favor, me mostra o caminho.
Enquanto orava, lembrou-se de algo que o pastor Josué havia dito: "Jesus enfrentou oposição, rejeição e até perseguição, mas nunca desistiu de amar. Ele nos ensinou que o bem não depende das circunstâncias, mas da fé em Deus."
No dia seguinte, renovado pela oração, Gabriel decidiu visitar o pastor na igreja.
— Pastor Josué, estou com dificuldades. Não sei se consigo continuar com a horta.
O pastor o ouviu atentamente e respondeu:
— Gabriel, nunca se esqueça: quem planta, às vezes enfrenta tempestades antes da colheita. Não deixe que os ventos te afastem do propósito. Deus está contigo.
— Mas e as críticas? — perguntou Gabriel.
— Quem faz o bem sempre encontrará resistência. Até Jesus foi rejeitado. Lembre-se: sua missão não é agradar a todos, mas ser fiel ao chamado de Deus.
Encorajado, Gabriel decidiu continuar. Ele voltou ao bairro com um novo plano: organizar um bazar para arrecadar fundos para a horta. Ele e Khauan passaram dias recolhendo doações de roupas, brinquedos e utensílios domésticos que os moradores não usavam mais.
No dia do bazar, o movimento foi maior do que esperavam. Apesar de algumas pessoas ainda o olharem com desconfiança, muitas outras apareceram para apoiar. No final, conseguiram o suficiente para cobrir os custos do projeto e ainda sobraram recursos para futuras melhorias.
Abigail, emocionada, abraçou o filho:
— Eu sabia que Deus ia abrir uma porta.
Gabriel sorriu, sentindo-se mais fortalecido do que nunca. Ele entendeu que os desafios faziam parte do caminho, mas a fé e a perseverança o guiariam para seguir adiante.
Ao final do dia, ele voltou para casa, olhou para o céu estrelado e murmurou:
— Obrigado, Senhor, por não me deixar desistir.
E assim, Gabriel continuou sua missão, certo de que o bem, mesmo em meio às dificuldades, tinha o poder de transformar vidas.