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A aula de biologia começou como qualquer outra. Pilar estava diante da turma, explicando com entusiasmo os detalhes do sistema circulatório. Ela fazia questão de deixar tudo claro para os alunos, mas mal sabia ela que Guilherme estava prestes a transformar aquela aula em mais um espetáculo de flertes desajeitados.
Guilherme, sentado na primeira fila, já preparava sua cartada. Ele ouviu atentamente quando Pilar começou a falar sobre o funcionamento do coração e o fluxo sanguíneo. A cada palavra, o sorriso maroto no rosto dele só aumentava. Quando Pilar mencionou a importância do coração bombear o sangue para todo o corpo, Guilherme não aguentou mais.
Ele levantou a mão, interrompendo a explicação.
— Professora, sabia que meu coração só circula por você?
A sala explodiu em risadas, e Pilar, surpresa, riu sem graça, tentando disfarçar o embaraço. Ela suspirou e respondeu com um sorriso cansado:
— Guilherme, talvez seja melhor focar no sistema circulatório em geral, e não no seu.
Rafael, do lado de Guilherme, balançou a cabeça, incrédulo.
— Cara, você tá piorando a cada aula.
— Só tô melhorando meu sistema de flertes, Raffa — disse Guilherme, orgulhoso de si mesmo.
Enquanto Guilherme se vangloriava da sua piada, a porta da sala se abriu lentamente, revelando o diretor Adriano, que segurava um modelo de esqueleto humano com uma pose de extrema concentração. Ele entrou na sala, claramente nervoso, mas determinado a impressionar Pilar de uma forma "mais intelectual" que Guilherme.
— Professora Pilar, pensei que seria útil trazer um modelo do corpo humano para auxiliar na aula de biologia — disse Adriano, empurrando o esqueleto até a frente da sala.
Pilar, sempre educada, sorriu.
— Que iniciativa interessante, diretor. Acho que os alunos vão gostar dessa ajuda visual.
Adriano, querendo mostrar mais do que apenas o modelo, decidiu fazer uma demonstração.
— O corpo humano é como uma máquina perfeita, cada osso, cada órgão tem sua função... — Ele começou a gesticular com as mãos, movendo o esqueleto. — E assim como os ossos sustentam o corpo, Pilar, o... amor sustenta a vida.
A sala ficou em silêncio por um momento. Guilherme quase se engasgou ao ouvir isso, enquanto os outros alunos trocaram olhares confusos.
Pilar, agora visivelmente desconcertada, tentou continuar a aula, mas Adriano não havia terminado. Ele começou a se movimentar ao redor do esqueleto, explicando os ossos, mas o nervosismo o dominou. Ao tentar segurar o esqueleto pela coluna, seus dedos escorregaram, e o modelo inteiro desabou no chão com um estrondo.
Adriano arregalou os olhos, vendo o esqueleto espalhado em pedaços pelo chão. Ele, completamente fora de si, ergueu as mãos para o céu e gritou dramaticamente:
— Isso não vai acontecer com o nosso amor, Pilar!
A sala inteira explodiu em risadas histéricas. Rafael quase caiu da cadeira, enquanto Guilherme olhava para Adriano com uma mistura de choque e diversão.
— Diretor... — Pilar tentou falar, mas estava tão confusa quanto os alunos, sem saber como responder àquela cena absurda.
Adriano, ainda vermelho de vergonha, começou a recolher os ossos do chão, murmurando algo sobre "demonstrar com mais cuidado na próxima vez". Enquanto isso, Guilherme, aproveitando o caos, levantou-se da cadeira com um sorriso travesso.
— Professora, já que o esqueleto caiu, posso dizer que meu coração tá em pedaços também?
Pilar suspirou e riu, sabendo que, naquele momento, a aula de biologia tinha se transformado em um verdadeiro circo. Guilherme e Adriano continuavam sua guerra de flertes, cada um tentando superar o outro de maneiras cada vez mais exageradas, e Pilar, no meio de tudo, não sabia se chorava ou ria com aquela disputa.
— Certo, pessoal. Vamos voltar para o sistema circulatório e deixar os corações... e esqueletos... em paz por um momento — disse Pilar, tentando retomar o controle da aula, mas sem conseguir esconder o riso.
Guilherme deu uma piscada para Rafael e sussurrou:
— Acho que ganhei esse round.
Adriano, ainda agachado no chão, recolhendo os últimos ossos do esqueleto, olhou de soslaio para Guilherme e murmurou para si mesmo:
— Isso ainda não acabou.
E assim, a aula de biologia virou mais uma batalha de flertes malucos entre Guilherme e Adriano, com Pilar sendo a professora mais paciente que já pisou em uma sala de aula.
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