CAPÍTULO 5: Como era viver nos anos 2000

 Viver nos anos 2000 era experimentar o impacto imediato da tecnologia invadindo todos os cantos da vida. A virada do milênio trouxe consigo uma sensação de novidade constante — tudo parecia mais rápido, mais prático, mais conectado. A internet deixou de ser um experimento para se tornar parte do cotidiano, os celulares se tornaram acessíveis, e o mundo digital passou a moldar comportamentos, gostos e relações.

Na moda, a década ficou marcada por um estilo ousado, descomplicado e muitas vezes... duvidoso. As calças de cintura baixa reinavam absolutas, acompanhadas por tops curtos, óculos coloridos, tênis de skatista e cintos largos com brilho. As celebridades, especialmente as estrelas da música pop e dos reality shows, ditavam as tendências — era o auge de Britney Spears, Paris Hilton e, no Brasil, das participantes icônicas do Big Brother Brasil. Misturava-se o glam dos tapetes vermelhos com o streetwear das lan houses.

A alimentação seguia o ritmo acelerado da vida moderna. A explosão dos serviços de delivery, o crescimento de redes de fast food e a popularização de refrigerantes light e diet mostravam que a praticidade tinha vencido. Ainda assim, pratos tradicionais brasileiros continuavam firmes nas casas e restaurantes, equilibrando o “novo milênio” com o sabor de sempre. Na lancheira das crianças, produtos industrializados com personagens licenciados davam o tom, enquanto as propagandas se voltavam para um público cada vez mais jovem e exigente.

Os adolescentes dos anos 2000 foram pioneiros digitais. Criavam perfis no Orkut, faziam testes online, trocavam scraps e cuidavam de seus depoimentos como quem guardava relíquias. Os CDs gravados em casa, com capas personalizadas, substituíram as fitas cassete, e ouvir música virou uma experiência mais acessível — fosse por downloads em sites de compartilhamento ou pelos videoclipes da MTV. Na TV, assistiam a Rebelde, Friends, Smallville, além dos programas de auditório e dos desenhos da infância, como As Meninas Superpoderosas e Bob Esponja.

Para os adultos, os anos 2000 representaram uma mudança de mentalidade. Celulares começaram a se popularizar, e o computador já não era mais “coisa de empresa”: estava nos lares, nas escolas e, aos poucos, no bolso. As novelas da Globo, como Laços de Família e Mulheres Apaixonadas, emocionavam o público, enquanto o jornalismo começava a competir com os blogs pessoais e os fóruns da internet. O e-mail virava ferramenta essencial de trabalho e o Google começava a virar verbo.

O cinema foi dominado por grandes franquias. Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Homem-Aranha, Piratas do Caribe — todos esses universos expandiram a imaginação do público, enquanto a produção nacional também ganhava força com filmes como Cidade de Deus. A tecnologia dos efeitos especiais deslanchava e o cinema se tornava cada vez mais uma experiência visual intensa. Na televisão, os realities transformaram a maneira de assistir: o Big Brother Brasil estreou em 2002 e inaugurou uma nova era de “vida ao vivo” e torcidas acaloradas.

A fotografia se digitalizou. Câmeras com cartão de memória substituíram os filmes revelados, e com elas surgiram os álbuns de fotos em blogs, Fotologs e mais tarde, nas redes sociais. O MSN Messenger virou um ritual de fim de tarde, onde corações eram trocados por emojis, e o "tocar a campainha" virtual virou nova forma de flerte.

Os anos 2000 foram o início da vida conectada, do download, das amizades virtuais, dos blogs, dos gifs piscando em páginas carregadas de glitter. Era uma década de adaptação, onde o futuro parecia promissor e cabia em uma conexão de 256 kbps. O mundo ainda era analógico, mas com um pé firme no digital — e, pela primeira vez, todos sabiam: nada mais seria como antes.