Capítulo 5 - O Amor Que Permanece

 A sala de Beatriz estava mais iluminada naquela manhã. O sol entrava pela janela de forma acolhedora, espalhando tons dourados pelo ambiente. Laura sentou-se no sofá já sentindo o peito mais leve. Pela primeira vez em muito tempo, não chegava ali carregada de medo, mas de alívio.

— Você não vai acreditar no que aconteceu ontem — começou Laura, um sorriso já se formando nos lábios.

Beatriz se ajeitou na poltrona, interessada.

— Me conte.

Laura respirou fundo antes de começar. Contou sobre como tinha chegado em casa mais cedo, como parou na porta do quarto da filha e ouviu aquela conversa entre bonecas que, para ela, foi como uma revelação. Enquanto falava, ria e chorava ao mesmo tempo.

— Beatriz, foi como se tudo tivesse feito sentido. O tempo todo, eu me perguntava se Maria Isabel me via como mãe de verdade. Mas a verdade é que esse medo não era dela. Era meu.

Beatriz sorriu com ternura.

— E como você se sente agora?

Laura suspirou, enxugando os olhos.

— Finalmente em paz.

A psicóloga assentiu.

— O amor que você dá para Maria Isabel sempre esteve ali. Você só precisava confiar que ela também sentia isso.

Laura sorriu, sentindo a verdade daquelas palavras.


Naquela noite, Laura e Maria Isabel estavam sentadas no sofá, envoltas em um cobertor fofo, lendo um livro infantil. A menina estava encostada no peito da mãe, ouvindo atentamente cada palavra.

Os olhos pequenos piscavam devagar, sonolentos.

— Mamãe? — chamou Maria Isabel, bocejando.

— Sim, meu amor? — respondeu Laura, alisando os cabelos da filha.

A menina ergueu os olhos e sorriu.

— Eu saí do seu coração, né?

O coração de Laura acelerou com ternura. Ela apertou a filha em um abraço carinhoso, sentindo-se inteira, completa.

— Saiu, e nunca vai sair.

Maria Isabel sorriu e se aconchegou mais nos braços da mãe.

A história tinha terminado, mas o amor entre elas nunca teria fim.