Capítulo 6: Conselho Escolar do Amor

 A situação havia atingido um ponto crítico. A disputa entre Guilherme e o diretor Adriano por Pilar já não era mais segredo para ninguém. Tanto os alunos quanto os professores começaram a perceber a tensão romântica que pairava sobre a escola. O que começou como pequenas demonstrações de afeto disfarçado se transformou em uma batalha aberta e, claro, bastante cômica.

Nos corredores, os cochichos começaram a se espalhar. Um grupo de alunos decidiu aproveitar a situação para ganhar algum dinheiro, organizando apostas secretas sobre quem conseguiria conquistar o coração da professora Pilar primeiro. De um lado, estavam os que apoiavam Guilherme, o jovem galanteador de piadas infalíveis. Do outro, os que apostavam no "charme maduro" de Adriano, mesmo que ele tivesse a sutileza de um rinoceronte.

— Cinquenta reais no Guilherme! — disse Rafael, empolgado, ao entrar na "roda de apostas" escondida atrás do ginásio.
— O Adriano pode ser desajeitado, mas ele é o diretor. Vai que o poder fala mais alto, hein? — disse outro aluno, colocando suas fichas no "time Adriano".

Enquanto a situação corria solta nos corredores, a notícia chegou até os professores. Um deles, cansado de ver Adriano desviando dos compromissos escolares para tentar impressionar Pilar, decidiu que era hora de intervir.

— Isso está saindo do controle — disse o professor de matemática, sr. Maurício, durante a reunião dos professores. — Acho que precisamos convocar uma reunião do conselho escolar para tratar desse ambiente... amoroso.

Os outros professores trocaram olhares, rindo por dentro. Pilar, claro, não sabia de nada. Para ela, Adriano e Guilherme estavam apenas "sendo gentis".

— Concordo — disse a professora de história. — Está na hora de resolvermos isso antes que a escola vire um reality show.

E assim, uma reunião extraordinária do conselho escolar foi convocada. Tanto Adriano quanto Guilherme foram chamados para "prestar esclarecimentos" sobre suas atitudes. O título oficial da reunião? "Discussão sobre o ambiente amoroso da escola."

Na sala de reuniões, Guilherme e Adriano se sentaram frente a frente. O clima estava tenso, mas cômico. O grupo de professores e membros do conselho olhava com seriedade para os dois.

O professor Maurício foi o primeiro a falar:
— Então, vocês dois estão aqui hoje para esclarecer a... como posso dizer... interação peculiar que têm tido com a professora Pilar.

Adriano, sempre querendo parecer o mais formal possível, pigarreou e começou a falar.
— Bom, eu gostaria de deixar claro que minhas intenções sempre foram puramente pedagógicas. Eu estava tentando... melhorar a inclusão escolar.

Os professores franziram a testa, confusos.
— Inclusão? — perguntou um dos conselheiros.

Adriano assentiu, sério.
— Sim, inclusão... do coração. — Ele fez uma pausa dramática. — Acredito que é importante que a educação também inclua o bem-estar emocional. E como diretor, é minha responsabilidade garantir que o ambiente escolar seja... completo.

O grupo de professores não sabia se riam ou ficavam preocupados. Pilar, que estava na sala, começou a perceber que algo mais estava acontecendo ali, mas ficou em silêncio, observando.

Guilherme, por sua vez, não ia deixar Adriano ter a palavra final. Ele levantou a mão, como se estivesse na sala de aula, e tomou a palavra.
— Eu, como aluno dedicado, estava apenas tentando ajudar a professora Pilar a... fazer conexões mais profundas. Quero dizer, o coração também precisa de estudo, certo? — Ele deu um sorriso malicioso. — Eu só estava incentivando a senhora Pilar a explorar... o sistema circulatório do amor!

Os professores trocaram olhares incrédulos. Pilar, agora completamente embaraçada, cobriu o rosto com a mão, mas não conseguiu conter uma risada nervosa.

O professor Maurício tentou manter a seriedade.
— Vocês estão nos dizendo que todo esse comportamento, que claramente tem confundido tanto professores quanto alunos, foi uma tentativa de... incluir amor na educação?

Adriano e Guilherme assentiram simultaneamente, como se aquilo fizesse todo o sentido do mundo.

— Exatamente! — disse Adriano. — Eu estava supervisionando projetos importantes. A inclusão escolar é mais do que apenas livros e disciplinas. É sobre... a harmonia entre os corações. E, claro, eu queria garantir que a professora Pilar estivesse incluída nessa... harmonia.

Guilherme, sem perder a chance, acrescentou:
— E eu só estava tentando me integrar. Afinal, o que é a educação sem um pouco de... paixão?

A sala inteira estava à beira da explosão de risadas, mas o professor Maurício se conteve. Ele olhou para Pilar, que agora estava tão vermelha quanto um tomate, e perguntou:
— Professora Pilar, você gostaria de acrescentar algo?

Pilar, tentando recuperar o controle da situação, respirou fundo.
— Eu... estou um pouco surpresa com tudo isso. Não imaginava que... havia tanto "cuidado emocional" em jogo. — Ela olhou para Guilherme e Adriano, claramente tentando manter a calma. — Mas talvez fosse melhor mantermos o foco... em biologia e geografia, e não no "coração".

Os dois rivais abaixaram a cabeça, visivelmente derrotados pela suavidade com que Pilar lidou com a situação. O conselho escolar terminou com a decisão de que, a partir daquele dia, qualquer "inclusão emocional" deveria ser feita fora do horário de aula e sem interferir na rotina escolar.

Quando a reunião acabou, Guilherme e Adriano saíram juntos pela porta. Guilherme, sempre o piadista, olhou para Adriano e disse:
— Bom, diretor, parece que nosso "projeto de inclusão" foi reprovado.

Adriano deu um suspiro profundo, ajeitando o paletó.
— Isso ainda não acabou, Guilherme. O amor verdadeiro sempre... triunfa.

E assim, a guerra de flertes continuava, ainda que com novos limites impostos pelo conselho escolar. Pilar, por sua vez, só queria que o amor ficasse um pouco mais... discreto.