Capítulo 6: Início da missão


CAPÍTULO 6


 A Avenida Paulista estava ainda mais iluminada do que o normal, refletindo o brilho dos holofotes do evento no MASP. A entrada principal estava lotada de carros de luxo e celebridades, mas a equipe de Heron estava em um ponto estratégico, em um beco escuro a poucos metros do museu. A tensão era palpável. O plano, tão perfeito no galpão, agora enfrentava a realidade.

Heron olhou para cada um do seu time. Para Gabriel, que estava com o laptop aberto, os olhos fixos na tela. Para Arthur, que segurava uma pequena maleta com o explosivo. E para Tadeu, que, como sempre, estava ao seu lado.

— Ok, Gabriel, é com você — Heron sussurrou, a voz firme e calma.

Gabriel assentiu, sem tirar os olhos do monitor. Seus dedos voaram pelo teclado, e em poucos segundos, uma série de códigos complexos apareceu na tela.

— Sistema de vigilância do museu, hackeado — ele murmurou. — Câmeras do segundo andar, desativadas. Eu vou manter o controle, mas o sinal pode cair a qualquer momento.

— Arthur, agora é com a gente — Heron disse, olhando para o engenheiro.

Arthur assentiu e se afastou do grupo, indo em direção a um bueiro. Ele tinha que acessar a rede de incêndio para soltar o gás no segundo andar do museu e acionar o alarme. O plano era arriscado, e eles sabiam disso.

A tensão do momento foi quebrada por uma voz irritada vindo do rádio de Heron.

— Droga! O que está acontecendo aqui? — era Arthur. A voz dele estava cheia de frustração. — A válvula da rede de gás não está respondendo. Parece que a manutenção recente mexeu com a tubulação. A pressão está baixa. Eu não consigo forçar.

A notícia caiu como uma bomba. O plano B de Arthur, de simplesmente explodir a válvula, não seria uma opção, pois o barulho alertaria a segurança. O tempo estava se esgotando.

Heron fechou os olhos por um segundo, sua mente trabalhando rápido. Ele não se desesperou, ele pensou.

— Arthur, qual o tempo que você precisa para consertar? — perguntou, com a voz ainda calma.

— Eu não consigo consertar isso. O cano tem que ser trocado. A única opção é a detonação, mas vai fazer barulho.

O plano, que parecia infalível, estava desmoronando antes mesmo de começar. A adrenalina de Heron disparou. Ele não podia desistir.

— Não precisa explodir, Arthur. A gente vai criar a pressão de outro jeito. Qual é o problema do sistema de ventilação do museu? Gabriel?

— O sistema de ventilação do museu tem um problema de vedação nas tubulações. Eles sabem disso há anos, mas não consertaram — Gabriel respondeu, com a voz cheia de incerteza.

Heron sorriu, um sorriso de gênio.

— A gente não vai usar o sistema de gás. A gente vai usar o sistema de ventilação. Arthur, a gente não vai usar a rede de incêndio. A gente vai abrir o duto de ventilação e vamos usar o gás de um dos extintores. O gás do extintor, combinado com a falta de vedação, vai criar uma pressão suficiente para acionar o alarme.

Arthur e Gabriel ficaram em silêncio por alguns segundos, processando a ideia. Era loucura, era improviso, mas era a única forma.

— É genial, Heron — Arthur murmurou.

— E vai ser mais rápido — Gabriel adicionou, com uma ponta de empolgação.

A equipe agiu em sincronia. Arthur conseguiu abrir o duto de ventilação, e Heron, com um extintor, soltou o gás, que se espalhou rapidamente pelos dutos. Minutos depois, o som das sirenes e o barulho dos alarmes invadiram a Avenida Paulista. A operação estava de volta aos trilhos, graças à inteligência e à capacidade de improvisação de Heron.

A partir de agora, não havia mais roteiro. O que havia era a capacidade de Heron de pensar à frente. O jogo não era mais sobre planejamento, era sobre resiliência e a habilidade de se adaptar ao caos. O roubo havia começado.