As ruas de Nova York se tornaram um labirinto de caos, onde o som dos gritos e o cheiro de fumaça preenchiam o ar. Adauto e sua família tentavam atravessar a multidão que se aglomerava em direção à ponte, mas a pressão do pânico tornava a cada instante mais difícil manter-se unidos. O coração de Adauto estava acelerado, sua mente uma tempestade de ansiedade e terror.
— Mantenham-se juntos! — ele gritou, mas sua voz se perdeu entre a cacofonia ao redor.
Briana, encantada pela movimentação, estava um pouco à frente, os olhos brilhando com a adrenalina do momento. Ela olhou para os prédios ao redor, a curiosidade a puxando para frente. Barbara, com dor nos olhos por conta da fumaça, não percebeu que Briana havia começado a se afastar.
— Briana, volta aqui! — gritou Barbara, mas sua voz foi abafada pelo tumulto. A multidão estava cada vez mais agitada, empurrando-se e se movendo em todas as direções.
Adauto sentiu um frio na barriga. Ele olhou para Briana, que parecia ter se perdido em seu próprio mundo, distraída demais para perceber o perigo. Sem pensar duas vezes, ele começou a se mover em direção a ela.
— Briana! — ele chamou, seu coração disparando. — Volta aqui!
Mas antes que pudesse alcançá-la, a multidão se agitou mais uma vez. August, tentando seguir a irmã, se viu empurrado para o lado, seus olhos arregalados em busca da figura familiar. Adauto sentiu como se o chão estivesse se desintegrando sob seus pés.
— August! — ele gritou, mas o som do nome do filho se perdeu em meio aos ecos de pânico.
A sensação de impotência começou a se instalar dentro dele, e Adauto se viu em um mar de rostos desconhecidos. As pessoas corriam em direções diferentes, e a ideia de que sua família poderia estar em perigo o enchia de desespero. Ele olhou ao redor, o coração batendo forte no peito, cada batida ecoando seu medo. O caos parecia consumir tudo ao seu redor, e a ideia de perder Briana e August o deixava paralisado.
— Não! — murmurou ele para si mesmo, enquanto suas mãos tremiam. — Eu não posso perder eles!
Com um esforço desesperado, Adauto começou a correr, sua mente preenchida por imagens de destruição e a crescente sensação de que talvez nunca mais veria seus filhos. Ele chamou por eles repetidamente, sua voz cheia de medo e desespero.
— Briana! August! Onde vocês estão?
As ruas pareciam intermináveis, e a fumaça e a poeira dificultavam sua visão. Ele desviou de pessoas que corriam, de corpos que se empurravam e se esbarravam, tentando não perder a esperança. A cada passo, o pânico se intensificava. Ele lembrava-se do olhar de Briana, tão inocente e confusa, e do semblante firme de August, tentando ser forte.
Adauto chegou a uma esquina e se virou, buscando desesperadamente os rostos conhecidos na multidão. Os sentimentos de impotência e medo de perder o que mais amava o consumiam. Ele gritou mais uma vez, sua voz quase se quebrando:
— Briana! August!
O tempo parecia distorcido. Cada segundo se arrastava, e o desespero crescia em seu coração. Ele estava perdido em uma cidade que deveria ser seu novo lar, mas que agora se transformava em um labirinto de medo e incerteza.
Ele parou por um momento, respirando fundo para tentar se acalmar, mas a respiração estava pesada, e sua mente girava. Ele precisava focar. Eles tinham que estar por perto.
— Pense, Adauto, pense! — sussurrou ele para si mesmo, lutando contra a sensação de pânico que o ameaçava. — Onde eles poderiam ter ido?
Ele decidiu voltar para a loja onde haviam se abrigado, a esperança pulsando em seu peito. Se eles não estavam ali, talvez alguém pudesse saber onde estavam. Com determinação renovada, ele se lançou de volta, correndo contra a corrente da multidão.
À medida que se movia, ele viu pessoas sendo ajudadas, algumas caindo ao chão, outras sendo levadas por paramédicos. O desespero ao seu redor era palpável, e o coração de Adauto doía ao pensar que sua família poderia estar em meio a tudo isso.
— Briana! — chamou novamente, sua voz ecoando em meio ao barulho. — August!
Ele alcançou a loja, seu corpo ofegante. Ao empurrar a porta, uma onda de esperança o envolveu. Mas a loja estava vazia, apenas um par de pessoas em estado de choque, esperando que a tempestade passasse.
— Você viu uma menina e um menino? — Adauto perguntou a eles, a voz tremendo. — Eles estavam comigo…
A mulher o olhou com compaixão, mas a tristeza em seus olhos era devastadora.
— Desculpe, não vi — ela respondeu suavemente.
A sensação de desespero aumentou, e Adauto se virou para a porta novamente, o mundo exterior parecendo ainda mais ameaçador. Ele precisava encontrar seus filhos. Ele tinha que encontrá-los.
Saindo da loja, ele olhou ao redor, buscando rostos familiares na multidão, os olhos marejados de lágrimas. Ele se forçou a continuar, a esperança resistindo em seu coração, mesmo quando o medo ameaçava dominá-lo. Ele sabia que, independentemente do que acontecesse, nunca desistiria de procurar por Briana e August. Eles eram tudo o que ele tinha, e a luta para se reencontrar havia apenas começado.