Capítulo 8: Sobreviventes

 A noite havia caído sobre Nova York, mas o céu estava longe de estar tranquilo. O som distante de sirenes e o murmúrio das multidões em busca de respostas se misturavam à fumaça que ainda pairava sobre a cidade. Adauto e sua família encontraram abrigo em uma pequena sala de emergência, longe da confusão, mas a sensação de segurança parecia frágil. Eles estavam juntos, mas o peso do que haviam presenciado ainda os acompanhava, como uma sombra silenciosa.

Adauto se sentou em um canto, observando seus filhos e a esposa, tentando processar o turbilhão de emoções que o invadia. O olhar de Briana, que antes irradiava alegria e curiosidade, agora estava distante e cheio de incertezas. August estava calado, seus olhos fixos no chão, enquanto Barbara tentava confortá-los, mas seu próprio rosto estava marcado pela angústia.

— Como isso pôde acontecer? — murmurou Adauto, quase sem querer ser ouvido. A pergunta pairava no ar, sem resposta. Ele se lembrava da manhã ensolarada, dos sonhos que tinham, e como, em um instante, tudo mudara.

— Papai, o que vai acontecer agora? — Briana perguntou, sua voz frágil quebrando o silêncio. Ela olhou para ele com um olhar que misturava medo e necessidade de segurança.

Adauto respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.

— Eu… não sei, filha. Mas estamos juntos, e isso é o que importa. — Ele forçou um sorriso, mas o peso em seu coração não se dissipava. A verdade era que ele estava tão perdido quanto ela.

Barbara se aproximou, colocando uma mão tranquilizadora sobre a filha. — Vamos precisar de tempo para entender tudo isso. E vamos cuidar de vocês, como sempre fizemos. — Sua voz era suave, mas havia uma tensão subjacente que Adauto podia perceber.

O silêncio se instalou novamente, e cada um deles parecia estar preso em seus próprios pensamentos. Adauto olhou pela janela, observando a cidade que parecia um campo de batalha. O que havia se tornado o símbolo da esperança e do progresso agora estava manchado pela dor e pela tragédia. Ele se perguntava como seguir em frente. Como poderiam todos retomar suas vidas depois do que haviam presenciado?

— Eu… — ele começou, mas as palavras falharam. Ele pensou em sua família, nos sonhos que ainda tinham, e como tudo isso parecia tão distante agora. O medo e a incerteza o consumiam, e ele se perguntava se poderia ser o pai e o marido que eles precisavam.

— Adauto? — Barbara chamou, quebrando o silêncio. Ele voltou sua atenção para ela, e viu a mesma luta em seus olhos. — Precisamos de ajuda.

— O que você quer dizer? — perguntou ele, o coração apertando-se com a ideia de que talvez não fossem capazes de lidar com isso sozinhos.

— As crianças… elas precisam de apoio. E nós também. Eu acho que contratar psicólogos pode ser uma boa ideia. — Sua voz tremia levemente, mas havia uma determinação que ressoava nas suas palavras.

Adauto pensou por um momento, ponderando sobre o que havia acontecido. A ideia de buscar ajuda não o intimidava; na verdade, trazia um leve alívio. Se eles pudessem encontrar alguém que os ajudasse a processar o trauma, talvez isso fosse um passo em direção à cura.

— Você está certa. — Ele assentiu, sua voz firme. — Devemos fazer isso juntos, por eles.

Barbara sorriu levemente, um brilho de esperança em seus olhos. — E por nós também. Não podemos ignorar o que sentimos. Precisamos enfrentar isso juntos.

Os filhos os observaram em silêncio, absorvendo cada palavra. Adauto percebeu que, mesmo diante do trauma, havia força na união da família. Eles tinham se encontrado em meio ao caos e, apesar de todo o medo, ainda havia uma pequena chama de esperança que se acendia dentro deles.

— Vamos passar por isso, eu prometo. — Adauto disse, olhando nos olhos de cada um. — O que quer que aconteça, faremos isso juntos.

August assentiu, e a expressão de Briana suavizou, como se um peso tivesse sido tirado de seus pequenos ombros. Eles não tinham todas as respostas, mas sabiam que o amor que compartilhavam era a base para superar qualquer desafio.

O dia seguinte traria novos desafios, mas, naquele momento, eles estavam juntos, e isso era suficiente. Adauto olhou para Barbara, sua mão se entrelaçando à dela, e sentiu um renovado senso de determinação. Eles seriam sobreviventes. E juntos, encontrariam o caminho para a cura.

Com essa nova esperança, a família se preparou para enfrentar o que estava por vir, fortalecidos pelo amor que compartilhavam e pela determinação de reconstruir suas vidas, uma etapa de cada vez.