Capítulo 9: O desfecho


CAPÍTULO 9


 O vento gelado no topo do prédio na Avenida Paulista chicoteava os cabelos de Heron. Com ele, em uma maleta discreta, estava a Ocean Blue original. Tadeu, posicionado em um prédio vizinho, o observava de longe, pronto para dar o sinal de fuga. O encontro havia sido marcado via um canal de vendas na deep web e, segundos depois, a figura imponente de Serena, a suposta compradora, se aproximou.

Serena era uma mulher alta, com uma postura de comando. Ela o olhou de cima a baixo, seus olhos afiados analisando cada movimento de Heron.

— Você deve ser o "Heron". A peça? — ela disse, com a voz séria.

Heron sorriu, e sua mão apertou a maleta.

— E você deve ser a compradora. Fica tranquila, a peça é original.

Serena, no entanto, não sorriu. Ela tirou a maleta e abriu-a. Dentro, não havia dinheiro, mas uma pistola Glock com o distintivo da Polícia Federal.

— O jogo acabou, Heron. Eu sou a agente Serena. E eu tenho rastreado essa joia por anos. Desde Valência. E eu não vou deixar que ela saia do Brasil.

O coração de Heron gelou, mas ele não demonstrou. A voz em seu rádio era a de Tadeu, cheio de pânico. — Heron, corre! Ela é da polícia!

Heron, no entanto, não correu. Ele sabia que não poderia lutar. Ele precisava de sua maior arma: a inteligência. Ele olhou diretamente nos olhos de Serena, com uma calma assustadora.

— Agente Serena, não vamos ser precipitados. Eu sei que você não quer atirar. E eu tenho certeza de que a joia está mais segura comigo do que nas mãos de criminosos.

— O que você quer dizer?

— A Ocean Blue que está na maleta é a original. Mas o roubo de hoje não foi sobre a joia. Foi sobre outra coisa. Eu sei que a minha equipe foi traída e que alguém, uma hacker chamada Melody, está usando a distração para um plano maior. Ela quer o controle da segurança da cidade, da Bolsa de Valores. E a única pessoa que pode pará-la sou eu.

Serena franziu a testa. Ela não estava entendendo.

— Por que eu deveria acreditar em você?

— Porque a joia não é a sua prioridade. A segurança da cidade é. Eu tenho informações sobre o plano dela. Eu posso te ajudar. E em troca... — ele disse, com a voz cheia de convicção — ...você me deixa ir.

A mente de Serena trabalhava rápido. Ela sabia que a história de Heron era complexa, e que uma parte do roubo havia sido feita para criar uma distração. Ela também sabia que a única forma de descobrir o que estava acontecendo era ir com a dele.

Heron estendeu a maleta com a joia.

— Você pode me prender, ou a gente pode fazer um acordo. Você fica com a joia, e eu te dou a informação para parar a Melody. E a gente se encontra em um lugar seguro amanhã, sem a polícia. Só você e eu.

Serena pegou a maleta, pensativa. A proposta era arriscada, mas a inteligência do jovem a intrigou. Ela viu a seriedade nos olhos dele. Ele não estava mentindo.

— Você é um gênio, Heron. Mas eu vou te achar — ela disse, com a voz cheia de desconfiança.

Heron sorriu, um sorriso de vitória.

— Eu sei.

Ele se virou, e sumiu na escuridão, deixando a Agente Serena intrigada com a sua capacidade. Ele tinha a joia, o plano tinha dado certo, e ele tinha deixado a policial confusa. O jogo de gato e rato não havia acabado, mas, por enquanto, Heron tinha a vantagem.