O clímax do ministério terreno de Jesus se dá em um momento de grande sofrimento e sacrifício, que será a base de toda a teologia cristã: Sua prisão, julgamento e crucificação. Esses eventos não apenas marcam o fim da vida física de Jesus, mas também a culminância de Sua missão redentora, por meio da qual Ele toma sobre Si os pecados do mundo, oferecendo Sua vida como um sacrifício pelos pecadores. Através da dor e do abandono, Jesus cumpre o plano divino de salvação.
A Prisão e a Traição de Judas
Após a oração angustiante no Getsemani e a traição de Judas, Jesus é preso e levado para ser interrogado pelos líderes religiosos. No Jardim, Judas, com um beijo, sinaliza quem era Jesus para os soldados, cumprindo sua traição. Enquanto isso, os discípulos, temerosos, fugiram, deixando Jesus sozinho. Ele é levado primeiro à casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde uma falsa acusação de blasfêmia é feita contra Ele. Durante a noite, Jesus é submetido a um julgamento injusto, em que testemunhos falsos são apresentados, e a condenação já está premeditada.
O Julgamento diante de Pilatos
Na manhã seguinte, Jesus é levado à presença de Pôncio Pilatos, o governador romano, pois os líderes religiosos não tinham autoridade para condenar alguém à morte. Pilatos, inicialmente, não encontra culpa em Jesus e tenta, sem sucesso, libertá-Lo, sabendo que Ele não havia feito nada digno de morte. No entanto, os líderes religiosos pressionam Pilatos, incitando o povo a pedir a condenação de Jesus. Pilatos, querendo agradar à multidão e evitar um tumulto, cede à pressão e decide entregar Jesus para ser crucificado.
Antes de ser levado à crucificação, Pilatos pergunta a Jesus, “Tu és o Rei dos Judeus?” (João 18:33). Jesus responde que Seu Reino não é deste mundo, e isso demonstra que Sua missão não era política ou terrena, mas espiritual. Pilatos, percebendo que Jesus não era uma ameaça para o império romano, tenta várias vezes liberá-Lo, mas sucumbe à pressão política e religiosa, lavando as mãos e dizendo: “Sou inocente do sangue deste homem” (Mateus 27:24).
A Flagelação e a Coroação de Espinhos
Antes de ser levado para a crucificação, Jesus é cruelmente flagelado pelos soldados romanos. A flagelação era uma forma brutal de tortura, com chicotes de couro e pedaços de metal que rasgavam a carne. Após isso, os soldados zombam de Jesus, vestindo-O com uma capa roxa, uma cor associada à realeza, e colocando uma coroa de espinhos em Sua cabeça, zombando de Sua alegada realeza. Eles O saúdam com escárnio: “Salve, Rei dos Judeus!” (Mateus 27:29), antes de baterem em Seu rosto e O humilharem publicamente.
Este sofrimento físico já é um prenúncio do que viria a seguir. Jesus, o Rei do Reino de Deus, é tratado com desprezo e humilhação pelos homens. Porém, Sua paciência e silêncio diante de tudo isso revelam Sua missão de, por meio da dor, trazer salvação ao mundo.
A Caminhada até o Calvário
Após a tortura, Jesus é forçado a carregar Sua cruz até o local da crucificação, chamado de Gólgota ou Calvário, fora da cidade de Jerusalém. A caminhada até o Calvário é longa e difícil, e Jesus, já enfraquecido pelos sofrimentos anteriores, não consegue carregar a cruz por completo. Um homem, Simão de Cirene, é compelido pelos soldados a ajudar Jesus a levar a cruz.
O povo segue atrás de Jesus, algumas mulheres chorando e lamentando por Ele. Jesus, no entanto, se volta para elas e, com compaixão, lhes diz: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, mas chorai por vós mesmas e por vossos filhos” (Lucas 23:28). Essas palavras de Jesus, mesmo no meio do Seu sofrimento, são um testemunho de Sua preocupação com os outros, e não com Seu próprio sofrimento.
A Crucificação
Ao chegarem ao Gólgota, Jesus é crucificado entre dois ladrões. A crucificação era um método de execução romano extremamente doloroso e humilhante. Jesus, com as mãos e os pés pregados à cruz, é elevado e fixado, sofrendo uma dor física indescritível. Acima de Sua cabeça, um cartaz é colocado, com a inscrição “Jesus, Nazareno, Rei dos Judeus” (João 19:19), zombando ainda mais da Sua suposta realeza. Enquanto Jesus está na cruz, Ele é ridicularizado e desafiado por aqueles que O observam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mateus 27:40), dizem os que O insultam. Mesmo nesse momento de extrema dor, Jesus perdoa aqueles que O ofendem, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Durante as horas em que Jesus está pendurado na cruz, um fenômeno extraordinário acontece: "Desde a sexta até a nona hora houve trevas sobre toda a terra" (Mateus 27:45), um sinal cósmico que expressa o peso do pecado do mundo sendo carregado por Jesus. No final, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, exclama: “Está consumado!” (João 19:30), e entrega Seu espírito a Deus Pai.
A Morte de Jesus e os Eventos Sobrenaturais
No momento da morte de Jesus, acontecem eventos sobrenaturais. O véu do templo, que separava o lugar santíssimo do restante do templo, rasga-se de cima a baixo, simbolizando o acesso direto que todos agora têm a Deus, por meio do sacrifício de Cristo. A terra treme, e muitos túmulos se abrem, e os mortos ressuscitam. Acentuando a dramaticidade do momento, o centurião romano que estava responsável pela guarda de Jesus, ao ver os eventos que ocorreram, exclama: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mateus 27:54).
A Sepultura de Jesus
Após a morte de Jesus, Seu corpo é retirado da cruz por José de Arimateia, um membro do conselho religioso que, secretamente, era discípulo de Jesus. Ele coloca o corpo de Jesus em um túmulo novo, cavado na rocha, onde ninguém jamais tinha sido sepultado. As mulheres que seguiam Jesus, incluindo Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, veem onde Ele é colocado e preparam especiarias e óleos para ungir Seu corpo, planeando voltar após o sábado.
A crucificação de Jesus é o ponto culminante do Seu sacrifício redentor. Na dor e no sofrimento indescritíveis, Ele oferece Sua vida para que todos possam ser reconciliados com Deus. Jesus, o Cordeiro de Deus, tira os pecados do mundo e, por meio de Sua morte, a salvação se torna acessível a todos que creem. A cruz, que inicialmente parecia um sinal de derrota e vergonha, tornou-se o símbolo maior da vitória sobre o pecado e a morte, por meio da ressurreição que está por vir.