Numa praia ensolarada, Fabiano, uma foca de pelos lisos e olhos brilhantes, rolava nas ondas, rindo alto. Ele adorava brincar na água, fazer piruetas e inventar travessuras para surpreender os outros animais da costa. O mar era seu playground, e Fabiano era o rei das brincadeiras.
— Vamos ver quem eu pego hoje! — disse ele, mergulhando com um sorriso travesso.
Perto da praia, um caranguejo pequeno chamado Carlinhos caminhava pela areia, carregando uma concha que tinha achado. Ele era tímido, com pinças delicadas e um jeito quieto, sempre evitando confusão. Fabiano viu Carlinhos e teve uma ideia.
— Vou dar um susto nele! Vai ser engraçado! — pensou, nadando silenciosamente até a beira da água.
De repente, Fabiano saltou para fora do mar, balançando as nadadeiras e gritando:
— Buuuu!
Carlinhos deu um pulo para trás, derrubando sua concha, e correu para se esconder atrás de uma pedra. Suas pinças tremiam, e ele ficou encolhido, sem dizer uma palavra. Fabiano caiu na gargalhada.
— Foi só uma brincadeira, caranguejinho! Não precisa fugir! — disse ele, ainda rindo.
Mas quando olhou de novo, viu que Carlinhos não estava rindo. O caranguejo ficou quieto, com os olhinhos baixos, e Fabiano percebeu que sua travessura não tinha sido tão divertida para o outro. Pela primeira vez, ele sentiu um peso no peito.
— Ei, espera aí... Eu não queria te assustar de verdade — disse Fabiano, nadando até a pedra. — Desculpa, Carlinhos. Foi uma brincadeira boba.
Carlinhos espiou de trás da pedra, hesitante.
— Tá tudo bem... Só não gosto de sustos — murmurou ele, quase inaudível.
Fabiano ficou pensativo. Ele adorava brincar, mas não queria que ninguém se sentisse mal por isso. Então, teve uma ideia.
— Que tal eu te ajudar a achar outra concha? Uma ainda mais legal que essa! — sugeriu, apontando para a concha caída.
Carlinhos levantou os olhos, curioso.
— Sério? Você faria isso?
— Claro! Vamos juntos! — respondeu Fabiano, já nadando devagar para Carlinhos poder acompanhá-lo.
Os dois passaram a tarde explorando a praia. Fabiano mergulhava para pegar conchas brilhantes no fundo do mar e as trazia para Carlinhos escolher. O caranguejo, que antes estava assustado, começou a sorrir, apontando as que mais gostava. Quando encontraram uma concha grande e colorida, Carlinhos bateu as pinças de alegria.
— Essa é perfeita! Obrigado, Fabiano! — disse ele, carregando seu novo tesouro.
Fabiano sorriu, feliz por ver Carlinhos animado.
— Eu que agradeço por me deixar consertar as coisas. Brincar é bom, mas ser amigo é ainda melhor.
Naquela noite, Fabiano ficou na praia, olhando as ondas. Carlinhos se aproximou com sua concha nova e se sentou ao lado dele, sem medo. Os dois conversaram sobre o mar até o sol se pôr, e Fabiano descobriu que fazer um amigo feliz era a melhor brincadeira de todas.