"Quando você acredita em algo, acredite até o fim. Não dê margem para nenhum tipo de dúvida."
— Walt Disney
CAPÍTULO I
Gabriel é um filho que faria qualquer mãe se orgulhar. Estudioso, esforçado, um bom amigo, agradável e divertido, são essas qualidades que o fizeram conquistar todos ao seu redor. De fato, Carolina tem muito orgulho de ter um filho como Gabriel, a ponto de apoiar seu desejo ardente de conhecer seus pais biológicos.
— Sua mãe não fica chateada com esse seu desejo?
— Ela disse que não, inclusive vai me ajudar a encontrá-los.
— Entendo. Mas ainda não compreendo o que te motiva a querer conhecê-los agora...
Carolina pode se sentir excluída com esse seu anseio...
— Vitória, Carolina sempre será minha mãe. O que eu desejo é conhecer minhas raízes, entender quem eu poderia ter sido, isso não nega quem eu sou.
— Quer que eu leia as cartas para você? — propôs ela, organizando a mesa — Já faz um tempo que não exploramos o que o futuro nos reserva...
Gabriel sorriu e assentiu com a cabeça em concordância.
Vitória, amiga de Gabriel desde o jardim de infância e apaixonada pelo cosmo, astros e a magia das cartas, sempre usou seu dom para ajudar os amigos a decidirem o que fazer. Ela divide um apartamento com Mari, uma estudante de jornalismo que mantém um salão de beleza herdado dos pais.
— Vitória! Vou encontrar meus pais! — exclamou Gabriel, empolgado.
— Calma! O que entendi é que o que você procura está mais perto do que imagina...
— Sim! Mas o que mais quero é encontrar minhas origens, então isso significa que vou encontrar minha mãe!
— Gabriel!
— Vitória!
A sessão com Vitória deixou Gabriel extremamente animado com a possibilidade de realizar seu sonho. A empolgação o dominou, e ele nem tentou ouvir sua amiga pedindo paciência.
A ideia de que tudo se resolveria manteve Gabriel distraído e alegre, com um grito de liberdade preso na garganta. Ele estava confiante de que o destino lhe traria boas notícias, mas não imaginava que terminaria o dia em uma cama de hospital.
— Carolina, Gabriel sofreu um acidente!
Ao ouvir isso, ela ficou sem palavras por um momento. Lucas, que estava por perto, prontamente abraçou sua mãe.
— Como assim? Onde está meu filho?
— Onde está o Gabriel? — indagou Lucas.
— Ele foi atropelado de moto, mas já está no hospital... Por favor, mantenha a calma.
— Vou buscar um copo d'água com açúcar...
— Não, nós... — Carolina respirou fundo, tentando se acalmar — Eu preciso ir ao hospital ver meu filho, ele deve estar precisando de mim.
Lucas acompanhou a mãe ao hospital, enquanto Vitória foi ao salão informar Mari sobre o ocorrido.
— Vitória, o motoqueiro prestou socorro? Tem tanta gente que foge nessas situações... É uma irresponsabilidade.
— Mari, o motoqueiro foi incrível!
— Nossa! Você se interessou por ele?
— Calma lá! Ele ajudou, sim... Mas tem algo surpreendente que você precisa saber!
Carolina estava visivelmente nervosa. A recepcionista do hospital informou que o médico logo traria notícias e, subitamente, o doutor apareceu.
— A senhora é mãe do Gabriel?
— Meu filho está bem? Posso vê-lo? Ele não se feriu, não é?
O médico sorriu.
— Gabriel sentia dores, então realizamos alguns exames e o sedamos. Pelo que tudo indica, não há nada grave. A senhora pode entrar para vê-lo, ele está no quarto, mas como ele vem, eu vou buscá-lo. Com licença.
Carolina e Lucas permaneceram de pé, próximos ao corredor, observando o homem que saía do quarto de Gabriel. Um motoqueiro vestido de preto, com o capacete em mãos e um rosto — a face — idêntica à de Gabriel.
— Peço desculpas pelo que aconteceu. Sinto muito mesmo!