Com tantas crianças no elenco, não era raro que, às vezes, a bagunça saísse do controle. “No nosso último show na tour no Rio de Janeio, fizemos uma bagunça tão grande que em vez de comemorarmos o sucesso da turnê, levamos um esporro tão grande do diretor que o clima era de velório. Todo mundo se trocou e foi embora em silêncio, até a volta para Argentina. O avião, que sempre era muito alegre nossas viagens, foi um silêncio total, todo mundo na sua”, conta Jander.
É certo que são incontáveis as histórias e algumas o público talvez nunca chegue a saber quais são. Foram anos em família, crianças que se tornaram adolescentes ao mesmo tempo em que estavam trabalhando. Chiqutititas foi mágico, gradioso e especial, ensinou crianças a verem a vida de uma outra forma, a ter esperança e a acreditar que o amanhã pode ser melhor.
Por falar em família, não foram poucos os irmãos que dividiram a cena em Chiquititas. Francis Helena e Laura Feliciano, Elisa Veeck e Jander Veeck, Marina, Camila e Gabriel Belluzzo, Sthefany e Kayky Brito. Disso todo mundo sabe!
Sthefany conta como foi trabalhar com Kayky: “Fui com a minha mãe para a Argentina e meu irmão, Kayky, ficou em São Paulo fazendo uma peça. Minha mãe chorava todos o santo dia de saudade dele. O Kayky acabou indo para lá morar com a gente. A princípio, ele não faria a novela e só ficaria morando com a gente, mas acabou rolando um teste, ele fez e passou. O papel, Fabrício, era o melhor amigo da Hanne, minha personagem. Achava um verdadeiro sonho. Trabalhávamos juntos, morávamos em outro país, aprendíamos outra língua e fazíamos Chiquitiitas – que era o grande de sonho das crianças na época. A gente nunca encarou como trabalho, era uma grande diversão. Eu e o Kayky nos divertíamos muito”.
A quinta e última temporada brasileira acaba se tornando uma trama inédita sem nenhuma ligação com a história original. Algumas histórias da sexta temporada argentina (que estava em produção simultânea) foram antecipadas para o Brasil, como o acidente de moto de Rodrigo (sendo que o mesmo acidente acontece no sexto ano argentino, e sofrido por Bautista), além dos cenários dos videoclipes.
A maior alteração em relação a trama é o seu final. Com a desvalorização do real em 1999 e constantes desgastes entre a produção argentina e a brasileira, o contrato entre o SBT e a Telefé não foi renovado por ambas as partes, e eventualmente a 6ª temporada, que estava em pré-produção, foi cancelada. Caso a história acontecesse por mais uma temporada e seguisse a trama argentina, a história teria um final completamente trágico: Carolina e Rian morreriam em um acidente de avião. Cora iria encurralar os órfãos e colocaria fogo no celeiro ao mesmo tempo que mandaria os órfãos sobreviventes para um reformatório.
Após deixar "Chiquititas" na primeira metade, Paulo Nigro, Renata Del Bianco, Gisele Frade, Beatriz Botelho, Gisele Medeiros, Luan Ferreira e Poliana Lopez montaram o grupo "As Crianças mais Amadas do Brasil", o elenco realizou diversos shows e lançou um CD com o mesmo nome da banda. Caso alguém fique curioso, existem algumas dessas apresentações no Youtube.
De tudo o que temos e sabemos, o mais incrível é saber da existência de Anos Depois, uma série documental sobre os bastidores de Chiquititas, é um sonho desejado pelo elenco e pelos fãs que cresceram com essa novela. No início dos anos 2000, precisamente no dia 19 de Janeiro de 2001, foi ao ar o último capítulo de Chiquititas, era o fim de uma era na televisão, mas que marcou e que continua marcante na vida de todo mundo até os dias atuais.
Fim.
Em memória de Cauê Braga...
