Nós


 Alguém comenta que eu ando saindo aos finais de semana e eu consigo ver a entonação de um julgamento, como se eu não tivesse a liberdade de poder sair de casa e voltar no horário que eu bem entender. Não me recordo de ter me casado ou de ter deixado uma criança em casa. Outra pessoa vêm dizer que eu já tenho idade para fazer uma escolha mais "sábia" como se o caminho que eu estivesse trilhando fosse errado. Por que sempre querem cuidar da nossa vida?

 Alguém pergunta sobre minha namorada e comenta sobre casamento, como se eu tivesse um dever cívico de me casar, mesmo vendo incontáveis pessoas desmoronando em minha volta. É chato que as pessoas acreditem estar no direito de dizer o que a gente deve fazer. Outra pessoa fica espantada com a bissexualidade, como se alguém acordasse com uma vontade incontrolável de sofrer preconceito e rejeição. E assim a gente percebe que o mundo não é cruel, mas as pessoas em nossa volta.

 Alguém tem a coragem de julgar outra pessoa apenas pela cor da pele, e eu me seguro para não perder a minha razão, porém não tem como não odiar gente preconceituosa que acredita ser alguém mais importante apenas porque não tem cor alguma. E eu me olho no espelho, diversas vezes eu perdi a fé na humanidade, seja por algumas pessoas com quem eu tive o desprazer de dividir uma sala de aula, ou por representantes governamentais que tem o descaramento de liberar que o desmatamento continue em números exorbitantes.

 No meio de todo esse caos, eu procuro pensar em nós. As coisas estão complicadas mas precisamos daquele ponto de paz, daquela pessoa em quem a gente deposita um pouco de esperança, de amor e de carinho. Não dá pra gente passar o dia apenas brigando e discutindo com os outros, então mesmo que a gente não tenha nada oficialmente, o importante é que eu continue tendo essa coisa nada oficial com você. As pessoas precisam se atentar aos detalhes, porque até mesmo uma foto diária pode acabar melhorando o seu dia. Que tal a gente tentar ser um pouco mais feliz?