Carta aberta: as ameaças de julho



 Sempre fui amigo demais, leal demais e disponível demais. Se excesso fosse um pecado, com certeza eu era o pior amigo de todos. Porque alguém que some por semanas e volta como se nada tivesse acontecido, só sendo muito trouxa para perdoar e continuar sendo aquele que dá 200% de si. Aprendi com a vida que a gente não escolhe de quem vamos gostar, de quem vamos nos tornar amigos, se vamos namorar tal pessoa, as coisas fluem de forma natural e no meu natural, eu acreditava que precisava relevar tudo já que tudo era pequeno perto da nossa amizade.

 Ninguém planeja quando tempo vai durar uma amizade, não existe prazo de validade. Então saber que de repente eu não servia mais pra você me deixou muito mal, e isso logo depois de você me pedir uma coisa absurda e eu dizer que sim. Sabe, você pode negar para o universo inteiro, mas não tem outra pessoa que saiba mais do que você mesmo, a sua consciência, você sabe o que me pediu e nada vai mudar o passado.

 Me lembro das tantas oportunidades em que eu quis demonstrar algum afeto, carinho e lealdade, sem pensar duas vezes, gastando dinheiro e oferecendo o que fosse preciso, pagando fatura do seu cartão de crédito... Você nunca retribuiu nada, é uma pessoa ingrata. 

 Se pudéssemos mudar o passado eu jamais queria ter conhecido você. Sua mente confusa, seus problemas de convivência, o quanto eu me sujeitei e apostei fichas em alguém que não merecia nenhuma. Porque você sempre foi vago, e a prova disso é que eu não tenho nenhum momento memorável de você fazendo o mínimo por mim, a não ser mandar um áudio dizendo "Eu te amo, independente de tudo, se tá ligado.

 O meu erro foi dividir com alguém algo engraçado que envolvia você, mas pra que caralhos eu continuo revivendo lembranças com alguém que eu deveria ter esquecido da própria existência? Posso pedir desculpas, mas jamais dizer que isso não aconteceu.

 Não sou uma pessoa que mente então a gente pode reconhecer um erro, mas fugir da realidade não faz parte do meu caráter. No tempo em que éramos amigos, sabia perfeitamente que já haviam vacilado comigo e que eu não fiz nada, talvez isso te fizesse acreditar que eu continuaria sendo a mesma pessoa. Ambos erramos.

 De repente, no meio no meu expediente no trabalho, descubro que você resolveu me ameaçar na Internet, dizer que vai acabar comigo, que estou fodido. É claro que eu não respondi, mas parece que ser bloqueado fez você acreditar que eu tinha medo. Então entrou no Facebook do K. Henrique para me ofender mais um pouco, dizer que minha batata está assando e que vai me encontrar. Novamente, minha resposta foi apenas de bloquear.

 Penso que você deveria ter mais medo do que eu, acho cansativo ficar falando ou mandando recado, mas seria inteligente que não encostasse um dedo em mim. Enquanto tenta parecer o que não é, sigo printando todas as ameaças, perfil de redes sociais, porque enquanto eu tenho apenas uma exposição equivocada de algo particular, caso eu acabe apanhando, todos os meus parceiros estão cientes de quem é que fica com essa conversinha baixa de que vai me surrar.

 Se não queria que eu tivesse contado aquela lembrança para ninguém, bastava ter me pedido. Eu não sou uma pessoa horrível, não importa o quão idiota tenha sido comigo. Enfim, se ainda assim, sua resposta for violência, receio que as dividas são cobradas e a gente se esgota, eu não sou mais legal demais.

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