Essas perguntas martelaram minha cabeça por muito tempo. E talvez você, que está lendo isso agora, esteja passando pela mesma fase. Entre os 13 e os 20 anos, parece que o mundo exige que a gente tenha respostas prontas pra tudo. “O que você vai ser quando crescer?” “Já ficou com alguém?” “Mas você gosta de meninos ou de meninas?” “Você vai fazer faculdade de quê?” “Vai casar?” “Vai trabalhar com o quê?” Como se a gente tivesse um manual escondido no bolso e fosse só abrir pra descobrir quem somos.
A verdade é que eu também já achei que devia algo pra sociedade. Achei que precisava provar alguma coisa pra alguém. Achei que tinha que ter uma resposta sobre meu futuro, sobre o que eu queria ser, sobre quem eu queria pegar. Achei que precisava me encaixar, ser mais “normal”, falar de coisas que nem me interessavam só pra não parecer “estranho demais”. Mas sabe o que descobri com o tempo? Que ninguém sabe exatamente o que tá fazendo. Todo mundo tá tentando sobreviver de um jeito que pareça bonito por fora. Mas por dentro, todo mundo tem dúvidas, medos, vontades esquisitas, sentimentos que não sabe explicar.
Você não precisa ter certeza de nada agora. Nem de quem você é, nem do que vai fazer, nem de com quem vai ficar. Você pode gostar de menina, de menino, de ninguém, de todo mundo. Pode querer ser cantor, veterinária, gamer, alguém que viaja o mundo vendendo pulseira na praia. Pode querer passar dias sem sair do quarto, depois querer ver o mundo inteiro de uma vez. Tá tudo bem. O mais importante não é saber o que a vida é — porque, sinceramente, ninguém sabe. O importante é ir vivendo e descobrindo as coisas no seu tempo.
A gente cresce ouvindo que precisa se encaixar. Mas eu acho que a graça da vida tá justamente em não caber em lugar nenhum. Em fazer perguntas sem precisar de resposta, em gostar das nossas próprias loucuras, em viver cada uma delas. Se você gosta de ouvir música no último volume enquanto dança sozinho no quarto, isso já é um pedaço bonito de quem você é. Se você ama escrever, cozinhar, desenhar, jogar videogame ou simplesmente ficar deitado pensando na vida, isso também vale. Cada uma dessas coisas constrói o que você é, e nenhuma delas precisa ser validada por alguém de fora.
Seja feliz. Com sua bagunça, com suas fases confusas, com seus amores que ainda não têm nome, com suas decisões tortas e com sua maneira única de existir. A vida não é um caminho reto com placas apontando direções. É uma trilha cheia de desvios, e você vai tropeçar às vezes. Mas vai rir, vai se apaixonar, vai chorar por algo besta, vai crescer sem nem perceber. E, um dia, vai olhar pra trás e entender que viver não era sobre responder todas as perguntas, mas sobre aproveitar cada instante em que você se permitiu ser você — sem explicações.