Capítulo 3: Quando o silêncio responde


 

Há dias em que o barulho do mundo pesa mais do que o normal.
São notificações, vozes, opiniões, cobranças. Tudo acontece ao mesmo tempo, e parece que, se a gente não falar, vai desaparecer.

Mas existe um instante, quase escondido, em que o silêncio se apresenta. Às vezes é numa caminhada sem fones, às vezes é no meio da noite, quando o celular já está longe e o som da própria respiração é o único ruído.

Foi num desses instantes que percebi: o silêncio não é vazio, é resposta.

Durante muito tempo, achei que o silêncio fosse ausência, um espaço sem vida. Mas ele tem uma linguagem própria. Ele fala de tudo que não conseguimos colocar em palavras. Mostra o que realmente importa, o que dói, o que precisa ser deixado ir.

O silêncio responde quando a mente cansa de buscar explicações.
Responde quando alguém parte e não há mais o que dizer.
Responde quando o coração precisa de um tempo para reorganizar os sentimentos.

A verdade é que, no fundo, quase tudo o que tentamos resolver no barulho já foi resolvido no silêncio, só que a gente não percebe.

Fugimos dele porque o silêncio nos mostra o que evitamos ouvir: as dúvidas, as saudades, as verdades que empurramos para depois. Mas é nesse desconforto que mora a cura.

Aprender a escutar o próprio silêncio é como abrir uma janela por dentro. O ar entra, as coisas se acalmam, e a gente entende que nem sempre é preciso resposta imediata.

Há perguntas que o tempo responde.
E há perguntas que só o silêncio entende.

Talvez viver seja isso: aprender a não preencher cada espaço com palavras. Permitir que o silêncio tenha o seu lugar, porque é nele que a alma finalmente se ouve.