Por muito tempo, achei que parar era sinônimo de fraqueza.
Que descanso era luxo e que quem diminuía o ritmo acabava ficando para trás. Eu me acostumei a confundir movimento com progresso, como se o mundo só andasse quando eu estivesse correndo.
Até que o corpo começou a pedir o que a mente ignorava: pausa.
No começo, resisti. Dizia a mim mesmo que era só cansaço passageiro, que bastava dormir um pouco mais ou tomar um café mais forte. Mas o cansaço não era do corpo, era da alma. Era um silêncio gritando por dentro, pedindo espaço para respirar.
Foi então que parei de lutar contra o vazio e resolvi escutá-lo.
Desliguei o celular por algumas horas, fechei o notebook, sentei perto da janela e simplesmente fiquei ali, sem pressa, olhando o tempo passar. No início, parecia perda de tempo. Depois, virou reencontro.
Percebi que as pausas não interrompem a vida, elas a sustentam.
São nelas que o coração se reorganiza, que os pensamentos se alinham e que o sentido das coisas volta a aparecer.
A pausa não é desistência, é sabedoria.
É o instante em que a gente entende que nem toda resposta vem no meio do barulho. Às vezes, ela surge no silêncio de um domingo à tarde, no som da chuva, no respiro entre uma palavra e outra.
Aprendi que quem não se permite parar, cedo ou tarde, é parado à força.
O corpo pede, a mente trava, o coração cansa. E tudo isso é apenas a vida lembrando que não somos máquinas.
Hoje, entendo que as pausas não atrasam o caminho (elas evitam que a gente se perca nele).
Parar é também um jeito de seguir.
Com mais leveza, mais presença e um pouco mais de paz.
