Capítulo 7: O medo que move


 

Existem medos que a gente disfarça bem.
O medo de começar algo novo, de perder alguém, de falhar, de não ser suficiente. A gente sorri, continua andando, mas por dentro sente o coração apertado, como se houvesse uma corda invisível puxando para trás.

Durante muito tempo, tentei lutar contra esse sentimento.
Achava que coragem era o oposto de medo, que ser forte significava não sentir nada. Mas um dia, percebi que o medo não some só porque a gente ignora. Ele apenas muda de forma, e acaba aparecendo do mesmo jeito (nas hesitações, nas desculpas, nas oportunidades que deixamos passar).

Foi então que comecei a olhar o medo de outro jeito.
Entendi que ele não é inimigo, é mensageiro. Ele mostra o que importa, o que mexe com a alma, o que ainda precisa ser vivido.

O medo de se arriscar, por exemplo, muitas vezes é o sinal de que há algo grande esperando do outro lado.
O medo de mudar mostra o quanto ficamos presos em zonas confortáveis demais.
O medo de perder revela o quanto algo é valioso.

Quando parei de fugir, o medo deixou de me paralisar e começou a me guiar.
Percebi que coragem não é ausência de medo, é caminhar com ele mesmo tremendo um pouco. É dar um passo de cada vez, mesmo sem saber o que vem depois.

O medo, quando aceito, se transforma em impulso.
Ele empurra a gente para a vida, para o novo, para o crescimento.

Hoje, quando sinto medo, não tento apagá-lo. Respiro fundo, escuto o que ele quer dizer e sigo assim mesmo. Porque, na maioria das vezes, o medo só está pedindo que a gente atravesse a ponte, e descubra que o outro lado nunca foi tão distante quanto parecia.